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    Dilma vai defender PT e governo em programa do partido na TV

    ANDRÉIA SADI
    DE BRASÍLIA

    25/07/2015 02h00

    Renato Costa - 24.jun.15/Folhapress
    A presidente Dilma em cerimônia no Palácio do Planalto
    A presidente Dilma em cerimônia no Palácio do Planalto

    Meses após ser alvo de um panelaço durante pronunciamento na TV no Dia da Mulher, Dilma Rousseff decidiu gravar para o programa do PT que será exibido em rede nacional no próximo dia 6.

    A filmagem está marcada para este sábado, em Brasília, sob a coordenação do marqueteiro do PT, João Santana. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do PT, Rui Falcão, já gravaram participação na última segunda-feira.

    O mote do programa será a defesa do PT e do governo. A ideia é argumentar que a situação está ruim, mas ainda é melhor que antes dos 13 anos de administrações petistas no governo federal.

    O ator José de Abreu será o condutor do programa. Abreu é apoiador do PT e milita ativamente nas redes sociais em defesa da presidente e de Lula, de quem é amigo.

    Esta será a primeira vez no ano que Dilma aparecerá no programa do PT. Assessores palacianos afirmam que a decisão ocorreu porque a presidente busca sair do isolamento político. A gravação é também um aceno à base petista e faz parte da operação de se reaproximar da legenda em meio à crise política.

    Desde a reação à sua fala no dia 8 de março, Dilma vinha evitando aparições na TV. A presidente foi alvo de manifestações em 12 capitais enquanto discursava, o que assustou o Planalto e deu combustível para as manifestações de rua de abril.

    Após o panelaço, Dilma se blindou: cancelou o pronunciamento no 1º de maio, em uma decisão inédita desde o seu primeiro mandato. Ela decidiu não se expor por temer a reedição dos protestos durante sua fala.

    Dias depois, a presidente também não apareceu no programa do PT do primeiro semestre. A peça levada à TV dizia que o PT iria expulsar filiado que fosse condenado pela Justiça. Mesmo sem a aparição de Dilma, o programa do partido foi alvo de panelaço em pelo menos dez Estados e no Distrito Federal.

    Dilma amarga baixos índices de aprovação desde o começo do segundo mandato. Segundo pesquisa Datafolha de 20 de junho, a reprovação de Dilma só não é pior que a de Fernando Collor de Mello.

    A presidente chegou ao final do primeiro semestre avaliada como ruim ou péssima por 65% do eleitorado.

    Com o agravamento da crise, Dilma vem tentando fazer acenos à oposição para tentar barrar um eventual processo de impeachment.

    Ela vai convidar governadores para participar de uma reunião que está sendo articulada para a próxima quinta-feira (30), em Brasília, para selar uma espécie de "pacto de governabilidade" no país.

    DISPOSIÇÃO

    A ideia inicial era chamar, nas palavras de um auxiliar de Dilma, "somente aqueles que estão dispostos a contribuir com o país". Depois, o governo achou melhor fazer o convite a todos os políticos.

    A presidente quer que eles atuem em suas bancadas no Congresso para impedir que projetos que custem caro aos cofres públicos sejam aprovados no Legislativo.

    A presidente quer impedir que os governadores "acreditem em aventuras", como a pauta federativa que está no Congresso com apoio dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com uma lista de reivindicações que vão contra o ajuste fiscal do governo.

    A grande reclamação nos governos estaduais é por falta de recurso em meio ao ajuste, queda na arrecadação e novos cortes no Orçamento. O Palácio do Planalto argumenta que "a torneira secou" para todos e que agora é necessário achar a melhor maneira de buscar estabilidade e governabilidade conjunta.

    O Planalto também sinalizou que Dilma tem interesse em conversar com o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso.

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