• Poder

    Monday, 29-Apr-2024 13:15:35 -03

    Brasil busca acordo para compra de caças

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA
    IGOR GIELOW
    DE DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    29/07/2015 02h00

    O governo da Suécia aceita reduzir a taxa de juros no contrato de financiamento para venda de 36 caças para a Força Aérea Brasileira, desde que o Brasil concorde em bancar parte do prejuízo com a troca de taxas.

    A negociação pode ser fechada nesta quarta (29), quando deve deixar o Brasil uma delegação da agência de promoção e fomento às exportações do país europeu, a SEK.

    Segundo a Folha apurou, o Palácio do Planalto nunca cogitou encerrar o negócio devido à discussão, como temiam executivos da fabricante do caça, a Saab.

    O Brasil escolheu o Gripen para reequipar a FAB no fim de 2013 e, em 2014, assinou um contrato –que, à época, ficou em US$ 5,4 bilhões (R$ 18 bi na cotação desta terça). O problema é que o financiamento pela SEK teria de ser fechado e aprovado pelo Senado até o meio do ano.

    Foi pedida prorrogação de prazo porque o Brasil desejava reduzir a taxa de juros pactuada, de 2,54% ao ano.

    Como essa taxa é flutuante dentro das normas da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, órgão internacional que promove o livre comércio), neste mês ela está em 2,19% –chegou a cair para 1,98% em maio.

    Os suecos toparam cobrar 2,19%, desde que a diferença para os 2,54% originais seja recomposta, já que seu governo sofreria críticas. Cerca de 60% do PIB local vem de exportações, e a concessão seria vista como senha para que outros clientes buscassem a mesma vantagem.

    Do lado brasileiro, contudo, as autoridades consideram que não teriam como explicar que aceitaram uma taxa mais alta neste momento de dificuldades econômicas –ainda que seja um pagamento que começa apenas daqui a oito anos e meio.

    DIVISÃO DA PERDA

    Duas fórmulas de divisão da perda estão em análise. Em uma, o Tesouro brasileiro assumiria metade do custo adicional com a redução da taxa de juros, estimado em US$ 180 milhões, e a Suécia ficaria com a outra parcela.

    A outra criaria uma taxa de administração de 0,35%, equivalente à diferença das taxas de juros, que começaria a ser paga pelo Brasil a partir do 11º ano do financiamento de 15 anos.

    Os primeiros aviões devem chegar em 2019 e a produção será nacionalizada aos poucos, fazendo com que os últimos modelos sejam montados no Brasil, pela Embraer.

    A orientação de Dilma Rousseff é forçar a Suécia a ceder nas negociações, mas sem colocar em risco o fechamento do contrato, o que traria péssima repercussão internacional. E interna: a FAB esperou mais de uma década pela escolha e já enviou pilotos para treinamento na Suécia.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024