O executivo da Andrade Gutierrez Flávio David Barra disse que o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, foi o emissário do então ministro de Minas e Energia Edison Lobão para que integrantes do consórcio de Angra 3 fizessem doações ao PMDB nas eleições de 2014.

A versão foi apresentada na manhã desta quinta (30), durante depoimento na sede da Polícia Federal em Curitiba.

Barra foi preso pela Polícia Federal na terça (28), quando foi deflagrada a fase "Radioatividade" da Operação Lava Jato, com foco na obra da usina nuclear de Angra 3.

Segundo o executivo, a reunião ocorreu na sede da UTC, líder do consórcio, e foi convocada por Pessoa para discussão de aspectos técnicos da obra. Logo após a reunião, contou Barra à PF, Pessoa pediu a palavra e solicitou doações para a campanha do PMDB a pedido de Lobão.

Representando a Andrade Gutierrez no consórcio, ele diz ter negado o pedido porque não tinha a atribuição de cuidar das doações eleitorais da empreiteira.

DEPOIMENTOS

O depoimento à PF durou uma hora. Barra descreveu suas funções na Andrade Gutierrez e o funcionamento do consórcio que toca a obra de Angra 3.

Quando foi indagado sobre questões mais específicas da acusação do Ministério Público Federal, que atribui às seis integrantes do consórcio o pagamento de propina a dirigentes da Eletronuclear, ele ficou em silêncio.

Na quarta (29), o executivo Fabio Gandolfo, representante da Odebrecht no consórcio e também alvo da operação de terça, relatou a mesma reunião na sede da UTC em que houve o pedido de Pessoa para que as empresas doassem para a campanha do PMDB, mas não citou Lobão.

OUTRO LADO

O advogado do ex-ministro, Antonio Carlos de Almeida Castro, disse não conhecer o teor da delação de Pessoa e que, por isso, não se manifestaria.

Mas afirmou que Lobão "nunca pediu nada e nem autorizou ninguém a falar em seu nome" e ressaltou que Barra disse que nunca fez nenhuma doação ao senador.