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    Lava Jato

    Câmara tem que interpelar advogada Catta Preta juridicamente, diz ministro

    BRUNO VILLAS BÔAS
    DO RIO

    31/07/2015 15h04

    Reprodução
    A advogada Beatriz Catta, em entrevista ao Jornal Nacional; ela deixou os casos na Lava Jato
    A advogada Beatriz Catta, em entrevista ao Jornal Nacional; ela deixou os casos na Lava Jato

    O ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse nesta sexta-feira (31) que a mesa da Câmara dos Deputados precisa entrar com um pedido de interpelação judicial contra a advogada criminalista Beatriz Catta Preta.

    Responsável por nove acordos de delação premiada de réus na Operação Lava Jato, a advogada fechou seu escritório e abandonou processos da Operação Lava Jato. Em entrevista à TV Globo na última quinta (30), ela afirmou que tomou essa atitude porque se sentiu ameaçada por integrantes da CPI.

    "Depois de tudo que está acontecendo, e por zelar pela minha segurança e dos meus filhos, decidi encerrar minha carreira", afirmou Catta Preta.

    Segundo ela, a pressão aumentou após um de seus clientes, o lobista Julio Camargo, mencionar em depoimento que pagou US$ 5 milhões em propina ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Para Wagner, a advogada levantou suspeitas que "o parlamento brasileiro precisa explicar ou replicar". Sem isso, "[a Câmara] joga dúvidas sobre todos os membros do Parlamento, não só da CPI da Petrobras".

    "Ela diz que tem prova de tudo. Cabe à mesa da Câmara fazer a chamada interpelação judicial, para que ela traga à baila e identifique se houve ameaças e quem as cometeu", disse.

    O ministro acrescentou que "se a CPI está sendo utilizada para ameaçar, este não é o papel da CPI." Ele disse que a comissão, um instrumento para investigar fatos novos, vem sendo usada para "render mais do [mesmo] assunto".

    "Tudo o que está sendo falado na CPI foi o que foi [dito] pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Qual foi o acréscimo?", disse o ministro.

    Wagner realizou nesta sexta uma palestra para oficiais-alunos participantes do Custo de Altos Estudos Militares, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, na Praia Vermelha, no Rio.

    CARDOZO

    Também nesta sexta, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, classificou como grave a denúncia da advogada.

    "É uma denúncia grave que caberá ao Ministério Público Federal, que conduz as delações premiadas, apurar", disse o ministro em evento sobre segurança pública no Rio.

    O ministro, contudo, evitou comentar se acha crível a denúncia de Catta Preta.

    "Não posso entrar em considerações dessa natureza. O que posso dizer é que o Ministério Público tem condição de fazer, através dos mecanismos legais, as apurações devidas para que essa situação seja esclarecida."

    O autor do requerimento de convocação na CPI da Petrobras da advogada Beatriz Catta Preta, deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), chamou de "ridícula" a acusação da advogada.

    Pansera disse à Folha que a entrevista de Catta Preta ao "Jornal Nacional" é "uma cortina de fumaça para alguma coisa que ela não quer revelar", sem opinar sobre o quê seria. "Eu acho ridículo. Não tem nenhum sentido", afirmou.

    Nesta sexta, o presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), afirmou que a convocação de Catta Preta está mantida e que a comissão quer saber quem a ameaçou.

    Motta lançou suspeitas de que Catta Preta esteja se "vitimizando" para esconder "talvez alguns atos ilícitos que ela tenha cometido no âmbito do processo da Lava Jato".

    Apesar de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter dado decisão desobrigando Catta Preta de informar a origem dos seus honorários, Motta disse que a CPI vai marcar uma data para ouvi-la, mas sem abordar o assunto. Afirmou que ainda não há data marcada.

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    PERGUNTAS E RESPOSTAS

    • Depoimento da advogada já tem data para ocorrer? Ainda não. Cabe ao presidente da CPI marcar o dia em que ela será ouvida, o que deve ser definido na próxima semana
    • Ela é obrigada a comparecer? Sim, a convocação obriga o comparecimento. Se houver ausência, a CPI pode determinar a condução coercitiva, com uso de polícia
    • Ela é obrigada a falar? Não, ela pode exercer o direito constitucional ao silêncio. O STF também a desobrigou de dar informações sobre seus honorários

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