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    Lava Jato

    Planalto teme piora do ambiente econômico e tenta blindar Dilma

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    03/08/2015 12h34

    Após a nova prisão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, nesta segunda-feira (3) em Brasília, o Palácio do Planalto vai fazer um esforço para tentar manter o grau de estabilidade na economia e blindar a presidente para que os desdobramentos da Operação Lava Jato não contaminem ainda mais a agenda do governo.

    O ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou que a preocupação é "fazer com que o país continue funcionando" para a "própria economia" voltar a crescer.

    "Nós precisamos ter dois canais paralelos, as investigações seguem e o país segue, com suas empresas funcionando e com a economia funcionando. O ambiente é que a gente tem que tentar melhorar para estimular investidores e a própria economia a crescer", disse o ministro horas depois da detenção de Dirceu.

    "Óbvio que todo mundo sabia [da prisão do ex-ministro], porque hoje de manhã foi notícia [...] O que estou falando é que a gente dorme e acorda sempre com uma notícia dessa. Então, do ponto de vista do ambiente empresarial, de negócios, essa é minha preocupação maior. Se a gente está precisando de uma retomada, precisa ter um grau de estabilidade para que os investimentos ocorram normalmente", completou.

    Wagner participou da reunião de coordenação política do governo, nesta segunda, mas afirmou que a prisão do ex-ministro não foi debatida no encontro.

    Nos bastidores, porém, a ordem é blindar a presidente e tentar fazer com que a repercussão negativa não invada a agenda do governo. Apesar disso, o núcleo político de Dilma avaliou que será "bastante difícil" manter o governo fora do desgaste que o fato vai criar para o PT e os petistas.

    Na quinta-feira (6) vai ao ar o programa do partido em rede nacional. Para a cúpula da legenda, a nova prisão de Dirceu –que já foi condenado e preso no mensalão– vai dar ainda mais munição para a reedição de panelaços durante a exibição da peça.

    Como a Folha revelou, o programa será a primeira vez em que a presidente aparecerá em rede nacional após o panelaço do dia 8 de março, durante seu discurso pelo Dia Internacional da Mulher.

    Dirigentes petistas já esperavam a prisão do ex-ministro. Um membro da cúpula do PT disse à Folha que, apesar do desgaste à legenda, a prisão de Dirceu é "mais do mesmo".

    REDUÇÃO DE MINISTÉRIOS

    O ministro afirmou ainda que a redução de ministérios não foi debatida na reunião de coordenação política, mas, segundo ele, o Ministério do Planejamento e Dilma estão "fazendo cenários" para tentar reduzir os gastos da União, em um esforço casado com o ajuste fiscal que pode incluir o corte de pastas.

    Apesar disso, auxiliares de Dilma dizem que ministérios ligados às lutas sociais petistas, como Igualdade Racial e Mulheres, não serão limados. O foco seria Micro e Pequenas Empresas, Pesca, entre outros ministérios que podem ser fundidos. Hoje, a Esplanada conta com 39 pastas.

    "Essa [redução da máquina para cortar custos] é uma preocupação constante de qualquer governo e desse governo", disse Wagner. "Eu, particularmente acho que é sempre positivo você fazer a racionalização da máquina [...] Então, tudo o que você puder, sem prejuízo do seu objetivo político, fazer redução de custos, acho que é sempre bem-vindo", completou.

    Durante a reunião, com participação dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Edinho Silva (Comunicação Social), Eduardo Braga (Minas e Energia), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Gilberto Kassab (Cidades), Jaques Wagner (Defesa), Miguel Rossetto (Secretaria Geral), Ricardo Berzoini (Comunicações), Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e José Eduardo Cardozo (Justiça), tratou-se também do fim do recesso parlamentar e das votações previstas no Congresso.

    A respeito do rompimento com o governo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Wagner afirmou que espera que "se mantenha a institucionalidade da Casa" e que a Câmara não se transforme em um "bunker organizador da oposição".

    "Eu acho estranho se a presidência da Câmara dos Deputados se transformar no bunker organizador da oposição. Isso é papel das lideranças da oposição. A única expectativa que eu tenho é que essa institucionalidade seja mantida e que haja, da parte do presidente da Casa, a manutenção dessa equidistância", declarou.

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