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    Lava Jato

    Lava Jato aponta indício de propina por obras no Peru

    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    03/08/2015 15h46

    A Operação Lava Jato tornou público nesta segunda-feira (3), em sua 17ª fase, denominada Pixuleco, um primeiro indício de supostas propinas pagas no Peru em conexão com a investigação brasileira.

    A força tarefa descobriu que a empresa do ex-ministro José Dirceu, a JD Assessoria, repassou em parcelas um total de R$ 364 mil para uma consultora chamada Zaida Sisson entre janeiro de 2009 e abril de 2010. Segundo depoimento do lobista Milton Pascowitch, que fechou acordo de delação premiada com a Lava Jato, Zaida seria "esposa do Ministro da Agricultura do Peru e indicada por Dirceu a atuar na obtenção de contratos para a Engevix naquele país". A Engevix é um dos alvos da Lava Jato por suspeitas de corrupção e de formação de cartel na Petrobras.

    Segundo a petição do Ministério Público Federal entregue ao juiz Sergio Moro, que autorizou operações de busca e apreensão na manhã desta segunda, Zaida Sisson também teria sido indicada por Dirceu "para prestar assessoria" à empreiteira Galvão Engenharia no Peru.

    "Há evidências de que os serviços contratados pelas empreiteiras da JD não foram realizadas. Portanto, há elementos de prova de que Zaida tenha recebido recursos de propina dessas empreiteiras para atuar em favor das empresas no Peru", diz a petição do MPF.

    A Folha apurou que Zaida foi secretária da Câmara de Comércio Brasil-Peru, fundada em 1987, que tem como associadas algumas das principais empreiteiras brasileiras, como a Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia e OAS.

    A reportagem também apurou que o ministro citado pela Lava Jato é Rodolfo Beltrán Bravo, nascido em Lima em 1948, que integrou o primeiro escalão do governo do presidente Alan García Perez (1985-1990). Na época dos pagamentos relatados pela Lava Jato (2009-2010), Bravo era diretor geral de um programa nacional de desenvolvimento rural do Ministério da Agricultura do Peru. Ele foi vice-presidente do Banco Agrário entre 2008 e 2011 e atualmente atua na iniciativa privada.

    Em uma rede social, Zaida Sisson se apresenta como uma profissional de relações corporativas de empresas na América Latina e informa que, como integrante da Câmara Peru-Brasil, representou a instituição em eventos nacionais e internacionais, incluindo conferência e seminários. Em 2002, disse ter sido convidada para a cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ano seguinte.

    Um endereço apontado pela Polícia Federal como sendo de Zaida foi um dos alvos de busca e apreensão autorizadas pelo juiz Sergio Moro na Operação Pixuleco. O apartamento é localizado na rua Amaral Gurgel, na Vila Buarque, em São Paulo.

    Procurada pela Folha, Zaida não havia sido localizada até a públicação deste texto.

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