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    Lava Jato

    Lobista preso sumiu de cena há 10 anos

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    03/08/2015 19h58

    Reprodução
    O lobista Fernando Moura, preso nesta segunda pela PF
    O lobista Fernando Moura, preso nesta segunda pela PF

    A prisão do ex-ministro José Dirceu trouxe de volta à cena um personagem que havia submergido há dez anos, quando eclodiu o escândalo dos Correios, o marco-zero do mensalão. Trata-se do lobista Fernando Moura, apontado pela Polícia Federal como uma espécie de sócio de Dirceu na divisão de propinas.

    O sumiço depois de 2005, quando passou a viver entre Miami e São Paulo, não significou que Moura deixou de operar nos bastidores. Ao decretar a prisão dele nesta segunda-feira (3), o juiz federal Sergio Moro citou que ele recebeu propinas que somam R$ 5,3 milhões em 2009 e 2010 por conta de contratos fechados entre a empresa Engevix e a Petrobras.

    Outra empresa investigada na Lava Jato, a Hope, que fornece mão de obra terceirizada para a estatal petroleira, pagava R$ 180 mil mensais a Fernando Moura.

    Todas as acusações contra ele são baseadas em depoimentos prestados pelo também lobista Milton Pascowitch, responsável por aproximar a Engevix do PT e que se tornou delator após ter sido preso em maio.

    Moura acompanha Dirceu desde 1986, quando o dirigente petista foi eleito deputado estadual. Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência, em 2002, passou a atuar em dupla com Silvio Pereira, secretário-geral do PT à época e um dos responsáveis por colher indicações para cargos em estatais como a Petrobras. Renato Duque chegou à diretoria da Petrobras por indicação de Moura, de acordo com a PF.

    Empresários da área de petróleo apontam que foi Moura quem ajudou a GDK, uma fornecedora da Petrobras, a conseguir mais contratos com a estatal no governo Lula, após ter sofrido um bloqueio imposto pelo próprio lobista.

    O jipe Land Rover que Pereira ganhou da empresa era uma gratificação por essa ajuda. Com a descoberta de que ganhara um jipe de uma contratada da Petrobras, ele desfiliou-se do PT.

    Reprodução de TV
    Jipe doado pela GDK a Silvio Pereira, episódio do mensalão
    Jipe doado pela GDK a Silvio Pereira, episódio do mensalão

    Moura tinha tanto poder dentro da Petrobras que a GDK chegou a fechar um contrato para reformar uma plataforma de petróleo sem preencher um requisito básico da estatal: fazer parte do cadastro de empresas que podem prestar esse tipo de serviço para a estatal.

    Moura também é apontado como o responsável pela aumento dos contratos com duas empresas que fornecem mão de obra terceirizada à Petrobras: a Hope e a Personal.

    As duas empresas pagaram propina a Dirceu e a Moura, ainda segundo Pascowitch.

    Moura usou um irmão, o filho e a filha para receber as doações de R$ 5,3 milhões, declaradas à Receita Federal. A Folha não conseguiu localizar o advogado de Moura.

    Colaborou GRACILIANO ROCHA

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