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    operação lava jato

    Planalto teme efeito de nova leva de delatores

    ANDRÉIA SADI
    NATUZA NERY
    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    04/08/2015 02h00

    Assustados com o avanço das investigações da Operação Lava Jato, que prendeu José Dirceu nesta segunda-feira (3), integrantes do governo temem que uma nova leva de delações agrave a já deteriorada situação política do PT e do Planalto.

    Assessores do governo e dirigentes petistas admitiram à Folha que a segunda prisão de Dirceu –que já cumpria pena por ter sido condenado no mensalão– abala a legenda pelo peso histórico dele no partido. Mas o que preocupa, de fato, é o efeito ''pós-Dirceu'': novas revelações envolvendo o mundo petista em delação de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras.

    Duque, que está preso, foi apadrinhado por Dirceu na Petrobras e é acusado de usar a diretoria para realizar operações financeiras junto ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Ambos estão detidos em decorrência das investigações da Lava Jato.

    Advogados que atuam na operação relataram que um acordo prevendo a colaboração do ex-diretor só avançou após ele aceitar entregar aos investigadores provas sobre sua relação com o ex-tesoureiro do PT e pagamentos de propina no exterior.

    Além de Duque, interlocutores do Planalto falam em uma ''trinca de delações'' que pode agravar o quadro do governo. Eles não descartam uma colaboração de Marcelo Odebrecht, preso em Curitiba, e do próprio ex-ministro da Casa Civil e seu entorno em troca de benefício judicial.

    Petistas acreditam que são grandes as chances de o irmão de Dirceu Luiz Eduardo de Oliveira e Silva e do assessor do petista, Bob Marques –ambos presos nesta segunda-feira, firmarem acordo de delação. Diante do cenário, avaliam, não há perspectiva a médio prazo de reabilitação da imagem do partido.

    Nesta quinta-feira, vai ao ar o programa do segundo semestre do PT na TV. O mote da peça é a defesa do governo e do partido, e marca a volta da presidente Dilma em rede nacional de rádio e TV após os panelaços durante a sua fala em 8 de março.

    O PT dá como certa a reedição dos protestos durante o programa desta quinta. A participação de Dilma está mantida, dizem assessores. O Planalto também espera uma adesão maior às manifestações contra o governo Dilma marcados para o dia 16 de agosto em todo o país.

    O governo, porem, fará um esforço para tentar manter o grau de estabilidade na economia e blindar a presidente para que os desdobramentos das investigações não contaminem ainda mais a agenda do governo. O ministro da Defesa, Jaques Wagner, afirmou que a prisão do ex-ministro não foi debatida na reunião de coordenação política desta segunda.

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    A TRAJETÓRIA DE JOSÉ DIRCEU

    1968/Folhapress
    DITADURA
    Começa a estudar direito na PUC-SP em 1965 e torna-se líder estudantil. Em 1968, é preso pela ditadura em congresso da UNE em Ibiúna (SP). Libertado no ano seguinte, viaja para Cuba
    1975/Arquivo pessoal
    CLANDESTINIDADE
    Em Cuba, faz cirurgia plástica para mudar de rosto. De volta ao Brasil, em 1975, vive no interior do Paraná com identidade falsa. Após a anistia, participa da fundação do PT em 1980
    Ormuzd Alves - 1º.jan.2003/Folhapress
    GOVERNO LULA
    Após assumir a presidência do PT, em 1995, coordena a campanha de Lula à Presidência, em 2002, e é reeleito deputado federal. Em 2003, assume a chefia da Casa Civil e se torna o ministro mais forte do governo
    Sérgio Lima - 30.nov.05/Folhapress
    MENSALÃO
    Esquema é denunciado em 2005 e Congresso instala CPI para investigação. Dirceu é é substituído por Dilma Rousseff na Casa Civil e retoma mandato de deputado. Porém, é cassado pela Câmara
    Marlene Bergamo - 24.nov.12/Folhapress
    JULGAMENTO
    É denunciado pela Procuradoria-Geral da República em 2006, ano em que abre empresa de consultoria. No ano seguinte, torna-se réu. Em 2012, STF o condena a 7 anos e 11 meses de prisão por corrupção
    Eduardo Knapp - 15.nov.13/Folhapress
    PRISÃO
    Em novembro de 2013, com o braço erguido, Dirceu se entrega à Polícia Federal para cumprir a pena do Mensalão no regime semiaberto –saída da prisão durante o dia e volta à noite
    Sérgio Lima - 3.nov.14/Folhapress
    SOLTURA
    Durante a prisão, Dirceu deixa a penitenciária para trabalhar durante o dia. Depois de 11 e 20 dias, consegue antecipar a progressão para o regime aberto. Passa a cumprir sua pena em prisão domiciliar em novembro de 2014
    José Cruz/Agência Brasil
    LAVA JATO
    Investigado na Lava Jato por ter recebido de empreiteiras implicadas no esquema de corrupção, é preso novamente
    Há a suspeita de que os valores repassados pelas construtoras à sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria, sejam propinas em troca de contratos com a Petrobras
    Neste ano, temendo a prisão, Dirceu já havia feito um pedido de habeas corpus preventivo –que não foi aceito pela Justiça– e encerrou as atividades da JD

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