O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (PT-AC), divulgou na noite desta quarta-feira (5), uma nota em nome da bancada do partido na Casa em "apoio e solidariedade" ao almirante reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear, que foi preso na 16ª fase da Operação Lava Jato semana passada.
A manifestação ocorre um dia depois que a cúpula petista decidiu não apoiar formalmente o líder histórico do partido José Dirceu, preso na segunda-feira (3) acusado de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.
Othon é acusado de receber R$ 4,5 milhões em propina, conforme investigação do Ministério Público que avançou sobre a obra da usina nuclear de Angra 3.
"Em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara, manifesto apoio e solidariedade ao Vice-Almirante R1 Othon Luiz Pinheiro da Silva"
Ao longo de 12 parágrafos, a liderança do PT destaca as contribuições do almirante para o desenvolvimento tecnológico do País. "Othon é um nacionalista, patriota e tem papel que já passou para a história no tocante ao nosso desenvolvimento científico e tecnológico, notadamente no campo nuclear".
"Apoiamos o espírito empreendedor do almirante e repudiamos qualquer tentativa de julgamento prévio dele - assim como de outras pessoas detidas no âmbito da Operação Lava Jato - com base apenas em delações. Temos convicção de que o almirante provará sua inocência e continuará a contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, num momento em que as nações que se destacam no mundo são justamente as que dominam tecnologias de ponta, inclusive a nuclear", continua o texto.
SURPRESA
Membros do PT demonstraram surpresa quando questionados sobre o teor da nota. O líder do governo, José Guimarães (CE), disse não saber do que se tratava, bem como Alessandro Molon (RJ).
O líder Sibá Machado afirmou, após a divulgação da nota, que ela representa um posicionamento pessoal. Perguntado se não parecia uma contradição manifestar apoio ao almirante e não a Dirceu, Machado disse que está preparando uma declaração de apoio ao petista preso.
Ontem, em reunião da Executiva Nacional, o PT seguiu os passos do governo e decidiu manter distância da prisão de José Dirceu. No Palácio do Planalto, a ordem é blindar a presidente Dilma Rousseff. Nos corredores do Congresso, o que se fala é que, com a acusação de "favorecimento pessoal" de Dirceu, é impossível manifestar qualquer apoio e solidariedade a ele.