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    o impeachment

    Temer mantém apelo contra crise e diz que fala em nome do governo

    DÉBORA ÁLVARES
    DE BRASÍLIA

    06/08/2015 12h36 Erramos: o texto foi alterado

    Wilson Dias/Agência Brasil
    Brasilia, 05/08/2015 - Temer pede união do país para superar crise política e econômica. O vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer, fez hoje (5) um apelo para que todos os setores da sociedade e o Congresso Nacional se unam em favor do Brasil. Ele disse que há preocupação com a situação política e econômica do país.
    O vice-presidente Michel Temer, que fez apelo para por união em favor do Brasil

    Num momento de agravamento da crise política, com dissensões na base aliada e consecutivas derrotas no Congresso, o vice-presidente da República, Michel Temer, manteve o tom de apelo por um esforço conjunto contra o agravamento dos problemas.

    Em palestra sobre "governança e governabilidade" no UniCeub na manhã desta quinta-feira (6), Temer deu recados aos que falam em crise institucional e saiu em defesa do país.

    "Nós no Brasil hoje temos uma tranquilidade institucional. Não temos uma crise institucional no Brasil, porque temos tranquilidade de aplicação do Direito. Temos uma estabilidade institucional extraordinária", disse durante sua fala.

    O posicionamento foi reiterado em entrevista coletiva ao final: "Temos governabilidade plena no País. Não tenho a menos dúvida".

    Após uma nova derrota no Congresso na noite desta quarta (5), quando a Câmara aprovou em primeiro turno o texto base da PEC 443, que reajusta os salários da AGU (Advocacia Geral da União), Temer disse que "vai continuar o diálogo".

    "Eu realmente ontem resolvi fazer um apelo e fiz um apelo como articulador político do governo. É preciso que alguém faça este apelo e eu estou tomando, por isso, a liberdade de fazê-lo em nome do governo", afirmou sobre a necessidade de fazer um novo apelo à base aliada.

    "Se começarmos a dizer que não há crise de maneira nenhuma, não ajudamos a superá-la. E a crise econômica ela, muitas vezes, ocorre e é logo superada. Uma eventual crise política no Congresso é imediatamente superada ou será superada ao longo do tempo."

    Também ontem, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), classificou a quarta-feira como um "dia de cão" e desabafou: "É preciso definir mais criteriosamente o que é base e o que não é. A base precisa ser refeita, com critérios de fidelidade, de fidelidade dos ministros. Fizemos o ajuste fiscal, agora é preciso fazer o ajuste político. Tem que mudar muita coisa."

    A respeito do agravamento da crise política, o vice também procurou um tom mais ameno: "Não vamos impressionar com o dia de ontem, com o dia de hoje".

    Na quarta, após se reunir com os líderes da base aliada e ministros do governo Dilma Rousseff, Michel reconheceu o agravamento da crise política e disse que o país precisa de "alguém [que] tenha a capacidade de reunificar a todos".

    Visivelmente nervoso, pediu a partidos políticos e setores da sociedade que, juntos, "todos se dediquem a resolver os problemas do país".

    "Caso contrário, podemos entrar em uma crise desagradável para o país", sentenciou.

    PDT

    Embora continue a pedir apoio, quando perguntado nesta quinta sobre a saída do PDT da base aliada na Câmara dos Deputados, anunciada em plenário nesta quarta (5), Temer amenizou o discurso.

    "Muitas vezes acontece uma dissensão. Isso é próprio da democracia. Temos uma base aliada de muitos partidos. Um ou outro pode, momentaneamente, se afastar."

    Ao revelar que o partido deixava a base, o líder do PDT na Câmara, André Figueiredo (CE), disse que os 19 deputados da bancada passariam a adotar uma postura de independência. O PTB também disse que votará contra o governo nas próximas apreciações.

    Temer evitou comentar uma possível saída do ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), do cargo após seu partido romper com o governo na Câmara. "É uma matéria que será examinada mais adiante. Creio que precisamos manter o sistema atual, a maior coalizão possível", disse, ressaltando ainda que a decisão de uma nova reforma ministerial é da presidente Dilma.

    Após falar de conceitos de governabilidade na palestra, o vice elogiou a presidente Dilma, que segundo ele "fez trabalho excepcional ao longo do tempo".

    "Ajudou a produzir os avanços sociais que o Brasil conhece. Ajudou Estados e municípios. Teve uma atuação no governo federal e um relacionamento, embora muitas vezes digam o contrário, muito fértil com o Congresso e com os governadores".

    Ele comentou ainda os recorrentes discursos favoráveis ao impeachment da presidente Dilma. Segundo ele, as atenções devem estar voltadas ao fato de a petista ter sido reeleita no ano passado.

    "O povo brasileiro, muito recentemente aplaudiu a presidente, elegendo-a para um novo mandato. Portanto, o povo foi às urnas e disse: olha, nós queremos continuar o sucesso que a presidente Dilma teve no primeiro mandato", encerrou.

    A palestra da qual Temer participou esta manhã também contou com o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello, e o ministro aposentado da Suprema Corte, Carlos Ayres Britto.

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