O juiz federal Sergio Moro decretou nesta quinta-feira (6) a prisão preventiva do almirante Othon Luiz Pinheiro, presidente licenciado da estatal Eletronuclear, e do executivo da empreiteira Andrade Gutierrez Flávio David Barra, que tinham sido presos na 16ª fase da Operação Lava Jato, na semana passada.
Os dois estão detidos desde o último dia 28 em regime de prisão temporária e são suspeitos de envolvimento em fraudes e corrupção em contratos da estatal na usina de Angra 3.
O juiz havia dado um prazo na semana passada para que a defesa do militar apresentasse provas de serviços prestados pela Aratec, empresa da família de Othon que recebeu pagamentos que somam mais de R$ 6 milhões e que são suspeitos de ser propina de empreiteiras.
A defesa do militar negou os crimes e havia argumentado que a filha dele, Ana Cristina, prestava serviços de traduções e que o genro fazia trabalhos de engenharia.
Moro, no entanto, rejeitou as explicações e afirmou que a defesa apresentou documentos "aparentemente fraudulentos" e chegou a copiar textos da internet para justificar as atividades da empresa. O juiz afirma que houve uma tentativa de "ludibriá-lo" e que a estrutura da Aratec não condiz com os valores recebidos a título de consultoria.
O juiz federal afirmou que, desde as prisões, surgiram mais provas que reforçam a hipótese de que os dois cometeram crimes.
Também usou como argumento para a prorrogação da prisão o fato de a filha de Othon ter aberto em 2014 uma "conta secreta" em Luxemburgo, o que, diz o magistrado, pode ser usada para movimentar recursos com origem criminosa.
"As provas até o momento colhidas indicam, lamentavelmente e em cognição sumária, que ele [Othon] teria se corrompido", disse.
Sobre o executivo da Andrade Gutierrez, Moro afirmou que o suspeito até aqui preferiu ficar em silêncio. Também disse que o afastamento dele da companhia não é suficiente para "prevenir o risco à ordem pública".
Moro escreveu ainda que é "especialmente preocupante" constatar que o mesmo cartel que fraudou licitações na Petrobras também atuou em outras estatais brasileiras, como a Eletronuclear.
Diferentemente dos demais presos da Lava Jato, Othon está detido em um quartel do Exército –direito estabelecido no Estatuto dos Militares.