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    Lava Jato

    Barreto recebeu R$ 238 mil de Dirceu para filme sobre movimento estudantil

    GRACILIANO ROCHA
    DE SÃO PAULO

    07/08/2015 10h06

    Amigo de José Dirceu e crítico da prisão do petista, o cineasta Luiz Carlos Barreto recebeu R$ 238.155 da JD Assessoria e Consultoria Ltda -firma do ex-ministro suspeita de receber recursos do esquema de corrupção na Petrobras.

    Foram nove transferências bancárias entre dezembro de 2009 e setembro de 2010 em favor da Filmes do Equador, produtora de Barreto.

    Os pagamentos foram detectados durante a quebra do sigilo bancário da empresa do ex-ministro, preso preventivamente desde segunda-feira (3). Luiz Carlos Barreto foi intimado para enviar explicações aos investigadores da Operação Lava Jato.

    O cineasta disse à Folha que os pagamentos se referiam a um projeto de pesquisa para a elaboração dos roteiros de uma minissérie de 13 capítulos para televisão e de um longa-metragem ficcional sobre as lutas do movimento estudantil durante a ditadura militar.

    "Eu propus e houve interesse. Eu disse que não tinha capital de giro na época e o Dirceu se prontificou a financiar o desenvolvimento do projeto", disse o cineasta.

    José Dirceu, que presidiu a UEE (União Estadual dos Estudantes), é um dos personagens.

    "Não é focado no José Dirceu, mas no movimento estudantil do qual ele fez parte. O foco dramático é na 'Batalha da Maria Antônia' e é claro que ele é um dos personagens", disse o cineasta.

    "Batalha da Maria Antônia" é como ficou conhecido o confronto entre estudantes da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e do Mackenzie, que resultou na morte de um secundarista, em outubro de 1968.

    Barreto diz que tem como comprovar a prestação de serviços: o contrato entre a JD e a Filmes do Equador, notas fiscais, arquivos de áudio e vídeo com 60 personagens do período e os argumentos da minissérie e do longa.

    Indagado se o projeto havia sido interrompido cinco anos após os pagamentos de Dirceu, Barreto disse que vai buscar captar recursos através de leis de incentivo fiscal e que pretende iniciar a produção em 2016.

    Barreto foi um dos intelectuais que saíram em defesa do ex-ministro dia seguinte à prisão, classificando-a de "exagerada" pelo fato de Dirceu já estar em regime de detenção domiciliar no cumprimento da pena do mensalão.

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