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    o impeachment

    Apelo de Temer por união entre partidos divide líderes da oposição

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA
    DANIELA LIMA
    DE SÃO PAULO

    07/08/2015 10h33

    Eduardo Anizelli - 6.ago.15/Folhapress
    O governador de SP, Geraldo Alckmin, em homenagem ao o vice-presidente da República, Michel Temer
    O governador de SP, Geraldo Alckmin, em homenagem ao o vice-presidente da República, Michel Temer

    Representantes da oposição reagiram de maneiras distintas nesta quinta-feira (6) ao apelo do vice-presidente Michel Temer (PMDB) por uma união suprapartidária, com o objetivo de evitar o agravamento da crise que assola o governo da petista Dilma Rousseff.

    Enquanto líderes do PSDB e do DEM no Congresso sinalizaram que não estão dispostos a uma composição e passaram a pregar a renúncia de Dilma e Temer, para que sejam convocadas novas eleições, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), homenageou o peemedebista e se referiu a ele como defensor "do interesse público e do bem comum".

    A pregação pela renúncia de Dilma e Temer foi vocalizada pelos líderes do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e no Senado, Cássio Cunha Lima (PB). Ambos são muito ligados ao senador Aécio Neves (MG), presidente nacional da sigla.

    Aécio disputou a eleição de 2014 contra Dilma e perdeu por uma pequena margem de votos. Seus aliados defendem a tese de que a disputa foi permeada de irregularidades e pedem na Justiça Eleitoral a cassação da chapa petista, o que levaria a novas eleições. Hoje, o mineiro lidera as pesquisas de intenção de votos.

    Cunha Lima e Sampaio planejam sugerir à população que deixe de lado o pedido de impeachment de Dilma nas manifestações contra o governo, no dia 16, e passem a defender novas eleições, exigindo a renúncia da presidente e de seu vice.

    "O PSDB continua na defesa da soberania do voto, da necessidade de encontrar na nação e no povo a escolha de um novo governo para tirar o país da crise", disse Cunha Lima. Ele rejeitou a tese de que a convocação de novas eleições poderia representar um golpe, argumentando que o novo presidente teria a legitimidade das urnas.

    "Estamos lançando um movimento para que as pessoas reflitam que a melhor saída para a gravidade da crise é a realização de novas eleições", concluiu.

    O mesmo tom foi usado pelo líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO). "É determinante convocar novas eleições. Estamos em uma democracia e esse alguém ao qual ele se referiu não pode sair de conchavos de cúpulas político-partidárias ungido como salvador da pátria."

    CONTRAMÃO

    Na contramão desse movimento, o governador Geraldo Alckmin recebeu Temer em São Paulo, no Palácio dos Bandeirantes, e fez a ele uma homenagem por ter sido o primeiro político a implantar uma delegacia de atendimento à mulher, há 30 anos.

    O evento foi cenário para troca de elogios e gestos de solidariedade. Em seu discurso, Alckmin listou todos os cargos ocupados por Temer e disse que "acima de tudo" o vice era "uma pessoa simples, desprovida de vaidade".

    O tucano usou uma citação do escritor Gilbert Chesterton para definir Temer: "Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes." Por fim, disse que o vice "defende o interesse público e o bem comum".

    Disposto a se lançar candidato à Presidência em 2018, Alckmin não tem interesse na convocação de eleições agora, pois não teria condições de se afastar do governo para concorrer.

    Michel Temer retribuiu os elogios. Disse que Alckmin tem capacidade "agregadora", que "está acima dos acontecimentos" e, por isso, consegue "enxergar melhor".

    O governador não é o único no PSDB a fazer gestos na direção de Temer. O vice é amigo do senador José Serra (SP). Esses laços alimentam setores que, hoje, citam Temer como a alternativa menos traumática à crise, caso Dilma não termine o mandato.

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