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    Lava Jato

    Delator cita pagamento de R$ 765 mil para presidente da Eletronuclear

    DE SÃO PAULO

    07/08/2015 20h16

    Um depoimento de delação envolvendo o dono de uma empresa de engenharia aponta que o presidente licenciado da Eletronuclear, o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, recebeu pagamentos indiretos da empreiteira Engevix que somaram R$ 765 mil.

    Victor Sergio Colavitti, administrador da Link Projetos e Participações, disse que sua empresa foi usada como intermediária de repasses da Engevix para a companhia Aratec, que pertence à família do militar.

    A declaração de Colavitti foi um dos argumentos usados pelo juiz federal Sergio Moro para converter a prisão do militar de temporária para preventiva na quinta-feira (6). O almirante tinha sido detido na 16ª fase da Operação Lava Jato, na semana passada.

    O delator disse em depoimento à Polícia Federal na última terça-feira (4) que fazia trabalhos de engenharia e projetos para a Engevix e que foi pressionado pela empreiteira a partir de 2010 a fazer pagamentos à Aratec.

    Colavitti, que firmou um acordo de colaboração com os investigadores, disse que aceitou fazer os repasses sem maiores questionamentos para "preservar seu bom relacionamento" com a empreiteira. Ele diz que não sabia que o beneficiário era o presidente da Eletronuclear.

    Contratos e notas fiscais foram feitos, mas não havia nenhuma prestação de serviço entre as duas empresas, de acordo com a investigação. A filha do militar, Ana Cristina, é a responsável pela Aratec.

    Para o Ministério Público Federal, a Link Projetos e Participações foi usada pela Engevix para repassar "vantagens indevidas" a Othon Luiz. Os procuradores mencionam que a empreiteira recebeu R$ 136,9 milhões da Eletronuclear entre os anos de 2011 e 2013, em contratos envolvendo as usinas de Angra dos Reis.

    "A fraude que já estava indicada pelas provas documentais foi agora objeto de confissão", escreveu o juiz em despacho na quinta-feira.

    A defesa do militar e da família dele negou as acusações. À Justiça a defesa da filha afirmou que a Aratec é uma "empresa renomada" e desenvolve pesquisas "na área de engenharia naval e mecânica". Afirmou ainda que fez serviços de tradução e que Othon não tem qualquer tipo de ligação com essas atividades.

    Procurada, a Engevix, por meio de sua assessoria, disse apenas que "está prestando os esclarecimentos" necessários à Justiça.

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