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    Investigações sobre causas do acidente de Campos devem ser inconclusivas

    PATRÍCIA BRITTO
    DO RECIFE
    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    10/08/2015 02h00

    As autoridades que investigam as causas do acidente aéreo que provocou a morte de Eduardo Campos e de outras seis pessoas provavelmente nunca conseguirão explicar o que levou à queda do jato Cessna 560XL em Santos (SP), há quase um ano.

    O problema é a ausência de informação das caixas-pretas, essenciais para esclarecer os motivos do acidente.

    O CVR (Cockpit Voice Recorder), que grava as conversas dos pilotos, não registrou os minutos finais do voo. Além disso, o jato não era equipado com um FDR (Flight Data Recorder), que registra as informações do voo e permitiria reconstituir o que houve.

    Sem essas informações, o Cenipa -órgão da Aeronáutica responsável por apurar acidentes aéreos- poderá, no máximo, apontar hipóteses de como o avião e a tripulação se comportaram.
    Também podem, a partir da análise dos destroços, descartar possibilidades -como já foi feito com a hipótese de falha nos motores.

    Por isso, o relatório final sobre o caso deverá provavelmente apontar apenas uma causa "indeterminada" para o acidente com o jato.

    Uma hipótese, citada em carta enviada pela viúva do piloto Marcos Martins, Flávia Martins, ao chefe do Cenipa, Dilton José Schuck, é a de que um erro no automatismo do estabilizador horizontal do jatinho pode ter levado o avião para a posição "nose down" (nariz para baixo), causando o acidente.

    Na carta, ela afirma que estudou o caso e, com a ajuda de "colaboradores", chegou à conclusão de que houve falha no dispositivo que deveria ter impedido a mudança do estabilizador da posição de "pouso" para de "subida".

    Em janeiro, o responsável pela investigação da Aeronáutica, Raul de Souza, havia afirmado que os pilotos não tinham formação adequada para guiar a aeronave.

    Segundo ele, os profissionais já haviam pilotado jatos semelhantes, mas precisariam ter recebido treinamento maior para o Cessna 560XL.

    Segundo a Aeronáutica, a investigação está em "fase final de análise" -não há prazo definido para a conclusão.

    Na semana passada, a Força Aérea apenas reafirmou informações divulgadas em janeiro: os pilotos fizeram uma rota diferente do previsto no plano de voo e o motor estava em funcionamento na hora do impacto com o solo.

    Uma investigação paralela é feita pelo Ministério Público Federal em Santos (SP).

    INDENIZAÇÕES

    Famílias que tiveram imóveis danificados pelo acidente ainda aguardam indenizações pelos prejuízos materiais. Para a juíza Natália Monti, da 9ª Vara Cível de Santos, a "obscuridade" sobre a propriedade da aeronave "atrapalha a condução do processo" e "torna praticamente inviável a reparação dos danos".

    O jato estava registrado em nome da empresa A.F. Andrade Empreendimentos e Participações Ltda. Após o acidente, os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Apolo Santana Vieira se apresentaram como donos da aeronave, que estaria em processo de venda.

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