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    'Não julguem Dilma por esses seis meses de mandato', pede Lula

    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    11/08/2015 13h37

    Alan Marques/Folhapress
    O ex-presidente Lula participa da abertura da 5ª Marcha das Margaridas, em Brasília
    O ex-presidente Lula participa da abertura da 5ª Marcha das Margaridas, em Brasília

    Em meio a um cenário de crises política e econômica, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu nesta terça-feira (11) que sua sucessora, Dilma Rousseff, pode errar à frente do governo federal.

    Em discurso na abertura da 5° Marcha das Margaridas, em Brasília, ele admitiu que o país enfrenta atualmente dificuldades, mas pediu que não julguem a petista pelos últimos seis meses, mas pelos quatro anos de mandato.

    "É lógico que ela [Dilma Rousseff] pode errar, como eu errei e como qualquer um erra enquanto mãe. Nem sempre a gente faz as coisas que são aceitas cem por cento pelos filhos. Nós sabemos disso, mas quando ela errar, ela é nossa e temos de ajudá-la a consertar", afirmou. " Não julguem a Dilma por seis meses de mandato, porque ele é de quatro anos", acrescentou.

    A uma plateia de cerca de 40 mil trabalhadores agrícolas, o petista deu um recado aos defensores do impeachment da presidente. Segundo ele, com a força do povo e a coragem das mulheres, "não há ninguém que possa sequer tentar ameaçar o processo de construção democrática que está implantada no país".

    Em uma crítica aos partidos de oposição, o petista disse que eles estão "raivosos" e não percebem que a eleição presidencial acabou e que a petista foi eleita presidente.

    "Essas pessoas que agora se apresentam como a solução se esqueceram de que, quando cheguei à presidência do país, ele estava quebrado", provocou.

    Para o petista, a presidente não pode ser responsabilizada pela crise econômica atual, causada, na avaliação dele, por instituições bancárias dos Estados Unidos e pela Europa.

    "É o momento da gente levantar a cabeça e dizer para a companheira Dilma que o problema que o país tem enfrentado não é só dela, mas é nosso", defendeu.

    Em uma crítica ao seu antecessor no Palácio do Planalto, Fernando Henrique Cardoso, o petista disse que o tucano precisava conhecer melhor o país ao ter afirmado nas eleições passadas, segundo ele, que a presidente só ganhou por causa dos votos no Nordeste.

    Na época, o tucano negou que tenha criticado a população nordestino e acusou o petista de ter mentido sobre a declaração dele.

    "Se ele tivesse um pouco mais de paciência, e conhecesse um pouco mais o país, iria perceber que uma parte da comida que vai para a mesa dele é produzida pelas mulheres nordestinas", disse.

    Com tom governista, o evento foi marcado por discursos favoráveis às gestões petistas e contra os movimentos favoráveis ao impeachment da presidente.

    "Não admitimos nenhum golpe nesse país", defendeu a secretária de mulheres da Contag, Alessandra Luna.

    Para a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, a presidente tem sido alvo do ódio e do preconceito por ser mulher.

    Apesar da postura amistosa em relação ao governo federal, houve também críticas ao ajuste fiscal promovido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

    "Faça o ajuste fiscal, mas não tire os direitos dos trabalhadores", defendeu o presidente da Contag, Alberto Broch.

    Na mesma linha, Alessandra Luna criticou o impacto do ajuste fiscal em benefícios trabalhistas.

    "Esse é um recado ao Levy, Lula, não dá", disse.

    PATROCÍNIO

    Uma das apostas do comando nacional do PT para fazer frente aos protestos contra a presidente Dilma Rousseff, marcados para o domingo (16), a Marcha das Margaridas, organizada pela Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), recebeu patrocínio de R$ 855 mil de empresas estatais.

    O movimento em defesa das mulheres do campo. promovido no Estádio Mané Garincha, em Brasília, contou neste ano com recursos da Caixa Econômica Federal (R$ 400 mil), do BNDES (R$ 400 mil) e da Itaipu Binacional (R$ 55 mil).

    Em resolução aprovada na terça-feira da semana passada, a Executiva Nacional do PT orientou a militância petista a participar da marcha e criticou o que chamou de "ofensiva de direita".

    No momento em que a sigla enfrenta um dos momentos mais difíceis de sua história, a cúpula nacional da legenda teme que o protesto organizado por grupos que defendem o impeachment da presidente possa agravar ainda mais a crise política enfrentada pelo Palácio do Planalto.

    Para a realização da Marcha das Margaridas, o governo do Distrito Federal cedeu o Estádio Mané Garrincha, o mais caro construído para a Copa do Mundo no Brasil, sem a cobrança de aluguel.

    Segundo o presidente da Contag, Alberto Broch, a entidade agrícola arcará com os custos de luz e de água durante a realização da marcha.

    OUTRO LADO

    Em nota, o BNDES informou que o contrato de patrocínio no valor de R$ 400 mil "prevê o pagamento após a realização do evento e o cumprimento de contrapartidas previstas".

    "A decisão de patrocinar a marcha foi tomada no contexto do apoio concedido à atividade agrícola no país. O BNDES considera que a marcha é uma oportunidade de divulgação institucional e dos programas do banco direcionados à agricultura familiar", disse.

    Segundo a Itaipu, a empresa concedeu um patrocínio de R$ 55 mil por se tratar de um "evento tradicional".

    "É um evento tradicional, que defende os direitos das mulheres do campo, da floresta e das águas. O patrocínio está está em consonância com as diretrizes da sua política de patrocínio, missão institucional e objetivo estratégicos da empresa", afirmou.

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