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    Lava Jato

    Sem receber há 4 meses, empreiteiras desistem de Angra 3

    MARIO CESAR CARVALHO
    DE SÃO PAULO

    12/08/2015 20h02

    Vanderlei Almeida - 14.abr.2011/AFP
    Imagem aérea da obra de Angra 3, usina nuclear no RJ
    Imagem aérea da obra de Angra 3, usina nuclear no RJ

    Cinco empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato comunicaram à líder do consórcio que faz a montagem da usina nuclear Angra 3 que desistiram do contrato porque não recebem da Eletronuclear há 135 dias.

    As cinco empresas são as seguintes: Odebrecht, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e Techint. Só a UTC, que lidera o consórcio, e a EBE (Empresa Brasileira de Engenharia) manifestaram interesse em continuar na obra.

    A Folha apurou que os pagamentos atrasados somam R$ 54 milhões. A Eletrobras e o consórcio não quiseram se manifestar sobre a dívida.

    O contrato de montagem é de R$ 2,9 bilhões. A obra –cuja entrega estava programada para 2018, mas está atrasada– deve custar pouco mais de R$ 15 bilhões. A construção foi reiniciada em 2009, durante o governo do presidente Lula.

    As empresas que foram contratadas para montar Angra 3 são investigados na Lava sob suspeita de que terem pago R$ 4,7 milhões ao almirante Othon Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, entre 2007 e 2014.

    O almirante está preso em Curitiba desde o dia 28 de julho sob acusação de ter recebido suborno de empreiteiras por meio de uma empresa de consultoria. Um executivo da Andrade Gutierrez, Flávio Barra, também foi preso sob suspeita de ter participado do repasse do suborno.

    Ambos negam ter praticado qualquer irregularidade.

    As supostas propinas foram pagas ao almirante para que a Eletronuclear não colocasse empecilhos à composição dos dois consórcios que venceram a licitação, segundo Ricardo Pessoa, presidente afastado da UTC que fez um acordo de delação após ter sido preso pela Polícia Federal. Há indícios de que as empresas combinaram quem venceria as disputas.

    O advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Aroldo Cedraz, também foi citado como beneficiário de suborno. O TCU dizia que havia restrições à concorrência na obra.

    Dalton Avancini, ex-presidente da Camargo Corrêa que também fez um acordo de delação, mencionou em depoimentos que havia "uma promessa" de pagamento de suborno para o almirante, mas alegou que não sabia se ela fora concretizada.

    Christian Tragni - 18.nov.13/Folhapress
    A usina nuclear Angra 3, cuja construção está sob suspeita
    A usina nuclear Angra 3, cuja construção está sob suspeita

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