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    o impeachment

    Cachecol encalhado após 7 a 1 na Copa é vendido em protesto contra Dilma

    GABRIEL VASCONCELOS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

    16/08/2015 17h36

    Sob um sol de 35° C, o ambulante Claudio Henrique Silva (42), era só sorrisos com o resultado das vendas de cachecóis verde-amarelos para manifestantes na avenida Atlântica, no Rio. As peças saíam por R$ 10, cada.

    "Muito disso aqui eu comprei para vender na Copa, mas sobrou e agora eu estou aproveitando a polêmica do "Fora Dilma", disse o ambulante, que adotou como estratégia, em manifestações, acompanhar de perto o carro de som do grupo Revoltados On Line. "Tenho mercadoria para bater os R$ 2.200 sem medo de errar", acrescentou confiante.

    Atos contra o governo federal têm sido sinônimo de lucratividade para ambulantes que aproveitam para vender apetrechos verde e amarelos. Em muitos casos, os vendedores ainda desencalhar o estoque da Copa do Mundo, represado em função da eliminação precoce da Seleção.

    "Eu vendi bem naquela época, mas poderia ter vendido mais se não fosse aquele 7 x 1", explicou Felipe Firmino (28), que tentava desovar bandeiras do Brasil comprada no ano passado, Além disso, vendia camisas com a estampa #Foradilma por R$ 25 reais, em um varal estendido no meio da avenida. "Queremos sair daqui com R$ 1 mil e já estamos perto", disse Firmino uma hora e 30 minutos depois do início dos protesto.

    Henrique José (40) começou a trabalhar na rua ainda nas manifestações de 2013, vendendo máscaras do V de Vingança. Neste domingo, vendia bandeiras verde-amarelas. "É sempre a mesma coisa. Sai tudo fácil", comentou ele, que tem com orgulho das cicatrizes de bala de borracha que conseguiu naquele mês de junho, enquanto trabalhava.

    Mais antigo no ramo, o argentino Alberto Garcia que mantém uma barraca licenciada pela prefeitura na Feira Noturna Turística de Copacabana (FNTC), conta que começou a vender em manifestações no ano passado. "Antes, meu foco eram eventos como a Copa e o do Papa (Jornada Mundial da Juventude). Agora estou sempre em manifestações", disse ele que vendeu 100% durante o Mundial.

    Embora trabalhe com camisas, ele só havia trazido cerca de 60 bandeiras em um pequeno saco, para circular com liberdade entre as pessoas. Seu objetivo é levar R$ 500 para casa, mais do que o suficiente para cobrir o investimento.

    Fabricadas na China, as bandeiras maiores custavam R$ 20, enquanto as pequenas, feitas no Brasil, saíam pela metade do valor. Os preços dos fornecedores, revela, são RS 10 e R$ 7 respectivamente.

    O vendedor, que na juventude chegou a militar pelo Partido Justicialista (PJ), sigla peronista, considera a conjuntura absolutamente normal.

    "Democracia é assim. Vim da Argentina e já morei na Espanha, e lá é a mesma coisa", afirmou. "Só o que tem de ficar claro é que a solução está no voto", completa ele, que tem uma leitura clara do seu público-alvo. "As pessoas que estão aqui têm visto a fartura diminuir. Mas são eles que compram as minhas coisas, então quanto mais protesto, melhor. Em todos os sentidos", concluiu.

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