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    o impeachment

    Manifestações passam a mirar Renan Calheiros e o PMDB

    SYLVIA COLOMBO
    DE SÃO PAULO

    17/08/2015 02h00

    Assim como nos protestos de março e abril, Wellington Elias, 52, chegou de Osasco, na Grande São Paulo, pela manhã e, com a ajuda do filho, montou seu aparato de som na esquina da Paulista com a rua Pamplona.

    Microfone funcionando, começou seu discurso: "Nunca um governo roubou tanto na história da humanidade. Fora Dilma! Fora PT!!".

    A primeira interrupção foi de Clodoaldo Gomes, funcionário de um shopping no Campo Limpo: "Está errado, você tem que começar contando quem começou essa bagunça toda, que foi o PMDB. Desde o fim da ditadura que estão roubando".

    Elias se emendou, e já estava falando dos políticos de forma geral, quando uma aposentada enrolada numa bandeira do Brasil o interrompeu de novo: "Mas vê se fala do Renan Calheiros. Esse sim é o grande traidor. Estava com Collor antes, lembra? Agora está com quem? Com esses bandidos do PT. Ataca ele!".

    Confuso, Elias recomeçou o discurso, agora fazendo críticas também ao senador.

    "Está diferente esse protesto, sim. As pessoas já não estão bravas só com a Dilma, elas não querem saber mais é do modo como estão fazendo política lá em Brasília", disse Elias à Folha.

    Ainda que gritos anti-Dilma e anti-PT tenham prevalecido ao longo do dia, desta vez a pauta dos protestos ampliou-se para atingir outras forças políticas, a Justiça e a possibilidade de alguma saída consensual para a crise.

    "Nós não queremos acordão. Será como acabar tudo em pizza. O juiz Sergio Moro tem que fazer seu trabalho, o [procurador-geral Rodrigo] Janot também. Queremos que coloquem todo mundo que roubou na cadeia", disse o engenheiro Luis Gerardi, que empunhava cartaz em cartolina amarela onde se lia: "Partido Sergio Moro".

    A imagem do juiz paranaense foi evocada por muitos manifestantes. Estava em cartazes que diziam: "Moro é o cara" e "#jesuismoro" (eu sou Moro), assim como em camisetas que exibiam o cartaz do filme "Super-Homem", com sua cara colada em cima do rosto do protagonista.

    Já o rosto do líder do Senado aparecia em cartazes em outra montagem, com a foto do cabelo de Dilma sobre uma imagem sua.

    MANDIOCA E META

    Desde o começo da tarde, os carros de som dos movimentos organizadores do ato soavam o "rap da mandioca" ("Eu tô saudando a mandioca") e o "rap da meta" ("Vamos deixar a meta aberta, quando atingirmos a meta, vamos dobrar a meta"), que evocam discursos recentes da presidente.

    Em um deles, decorado com mandiocas, instalou-se um pequeno forró, em que pessoas dançavam ao som das músicas e tiravam "selfies" ao lado da raiz.

    Quem tentou publicar fotos nas redes sociais reclamou do sinal de internet. "Foi o PT, aposto, só para que a marcha não fosse divulgada", disse a corretora Francisca Mendes, que queria postar a foto ao lado da filha Patricia, ambas vestidas com a camiseta da seleção brasileira.

    CONTRA A CBF

    "Cola aí em cima do logo da CBF!", dizia o estudante José Luis, diante do Masp, ao distribuir adesivos com o "Fora, Dilma" aos passantes de camiseta da seleção.

    "Nas outras manifestações, a gente veio com ela, mas ainda não tinham prendido os caras da Fifa. Não dá pra reclamar da corrupção do PT e fazer propaganda da CBF, né?"

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