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Um palhaço foi preso por policiais militares durante uma apresentação de rua em Cascavel, no interior do Paraná, por ter feito uma crítica à PM no espetáculo.

Os policiais entenderam que houve desacato e o levaram detido num carro da corporação.

Leonides Taborda Quadra, 31, conhecido como Tico Bonito, se apresentava para adolescentes e pedestres no centro da cidade, na última sexta-feira (14), quando disse que a polícia "só protege burguês e o Beto Richa [PSDB]", governador do Paraná.

"São seguranças particulares pagos pelo povo", afirmou.

Tico respondia ao comentário de uma pessoa da plateia, que sugeriu que ele chamasse a polícia para deter a "besta fera", um animal de brinquedo que faz parte do espetáculo.

Policiais do batalhão de choque, que passavam pelo local naquele momento, estacionaram o veículo e o levaram preso por desacato.

Houve vaias e gritos da plateia, que reunia cerca de cem pessoas. O palhaço argumentou com os policiais e resistiu à prisão. No final, a cavalaria teve de ser chamada para permitir que o carro de polícia saísse do local, já que algumas pessoas cercaram o veículo.

O artista, que trabalha como palhaço há 12 anos e já se apresentou no Festival de Teatro de Curitiba com esse mesmo espetáculo, diz que fez uma "crítica social, baseada em fatos" e reclama de truculência.

"O que eles fizeram interrompeu minha liberdade de expressão, meu direito de trabalhar e o direito à arte da plateia, que também está na Constituição", afirmou à Folha. Ele diz ter sido agredido com empurrões e um soco quando era colocado no carro.

A PM argumenta que os policiais reagiram com força proporcional, já que o artista resistiu à prisão. "Ele colocou a perna para fora [do carro] para agredir, começou a inflamar a população", diz o tenente Roberto Tavares, porta-voz do batalhão em Cascavel.

Sobre a detenção, Tavares diz que os policiais "se sentiram ofendidos" e têm a prerrogativa de fazer prisão em flagrante em caso de crime que envolva qualquer cidadão.

O palhaço foi conduzido para o Fórum de Cascavel e noticiado sob acusação de desacato. Liberado após o registro da ocorrência, Tico vai responder pelo fato no Juizado Especial Criminal –já que o crime tem baixo potencial ofensivo, com pena menor que dois anos.

A primeira audiência foi marcada para o dia 14 de setembro. Caberá ao juiz decidir se houve ou não desacato.

vídeo: BEM BOLADO TV