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    Lava Jato

    Collor acusa Janot de fazer 'festim midiático' com denúncia

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    20/08/2015 18h28

    O senador Fernando Collor (PTB-AL) afirmou nesta quinta-feira (20) que a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi construída "sucessivos lances espetaculosos" e acusou o procurador de fazer um "festim midiático". Janot protocolou nesta tarde a denúncia contra o petebista por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras. A denúncia está sob sigilo.

    "Como um teatro, o PGR encarregou-se de selecionar a ordem dos atos para a plateia, sem nenhuma vista pela principal vítima dessa trama, que também não teve direito a falar nos autos. Por duas vezes, o senador solicitou o depoimento, que foi marcado e, estranhamente, desmarcado às vésperas das datas estabelecidas.", escreveu Collor em nota publicada em sua página do Facebook.

    "Se tivesse havido respeito ao direito de o senador se pronunciar e ter vista dos autos, tudo poderia ter sido esclarecido. Fizeram opção pelo festim midiático, em detrimento do direito e das garantias individuais", completou.

    Investigadores da Lava Jato apontam que um grupo ligado ao senador recebeu cerca de R$ 26 milhões em suposta propina do esquema de corrupção da Petrobras entre 2010 e 2014.

    O esquema vinculado ao congressista, segundo as investigações, envolvia assessores do Senado, colaboradores, empresas em atividade e outras suspeitas de serem de fachada.

    As fontes dos repasses, segundo a Lava Jato, eram contratos de troca de bandeira de postos de combustível celebrado entre a Petrobras Distribuidora e a DVBR Derivados do Brasil.

    Os representantes de Collor seguiam uma "cartilha" para tentar dificultar a identificação do esquema, com várias transações financeiras para não chamar atenção dos órgãos de controle, como depósitos fracionados.

    O senador teve uma passagem relâmpago pelo Senado nesta quinta. Por volta das 18h, ele chegou à Casa, registrou presença no plenário do Senado e foi embora.

    Em nota, o advogado de Collor, Rogério Marcolini, afirma que o senador "nunca foi ouvido sobre os fatos que lhe são atribuídos mesmo tendo se colocado à disposição da Polícia Federal". O advogado questiona ainda a apresentação da denúncia nesta quinta se o senador havia sido intimado, segundo ele, para depor no dia 28 de agosto.

    ​​​"As razões que levaram a Procuradoria Geral da República ao oferecimento de denúncia antes da inquirição do senador e antes mesmo da conclusão do inquérito policial parecem atender interesses e conveniências outras que não se coadunam com a melhor apuração dos fatos", diz Marcolini na nota.

    Ele afirma que é "sintomático e preocupante" o oferecimento da denúncia contra qualquer cidadão "sem que antes lhe seja dado o direito de ser ouvido". "Circunstância ainda mais gravosa quando o destinatário da acusação exerce mandato parlamentar, com representação legitimada nas urnas", escreve o advogado.

    *

    Leia a íntegra da nota:

    SE TIVESSE HAVIDO RESPEITO AO DIREITO, TUDO PODERIA TER SIDO ESCLARECIDO - O senador Fernando Collor reitera sua posição acerca dessa denúncia, que foi construída sob sucessivos lances espetaculosos. Como um teatro, o PGR encarregou-se de selecionar a ordem dos atos para a plateia, sem nenhuma vista pela principal vítima dessa trama, que também não teve direito a falar nos autos.Por duas vezes, o senador solicitou o depoimento, que foi marcado e, estranhamente, desmarcado às vésperas das datas estabelecidas. Se tivesse havido respeito ao direito de o senador se pronunciar e ter vista dos autos, tudo poderia ter sido esclarecido. Fizeram opção pelo festim midiático, em detrimento do direito e das garantias individuais.

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