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    Lava Jato

    Aliados defendem Cunha, e oposição adota cautela

    RANIER BRAGON
    DÉBORA ÁLVARES
    DE BRASÍLIA

    20/08/2015 19h43

    Reunido com cerca de trinta deputados em seu gabinete, na tarde desta quinta-feira (20), Eduardo Cunha (PMDB-RJ) voltou a se dizer inocente e rebateu ponto a ponto a denúncia da Procuradoria-Geral da República, segundo relato de parlamentares.

    "Para ele, a montanha pariu um rato", afirmou o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM).

    Aos deputados, Cunha reafirmou a disposição de não se afastar da presidência da Casa. E, nesse primeiro momento, recebeu a solidariedade de aliados.

    "Por que não os outros? Se teve delação, por que pinçar um e largar os outros pra trás?", questionou o líder da bancada do PTB, Jovair Arantes (GO). "Alguém tem que provar que ele é culpado. Até lá, ele tem que manter a sua condição de presidente."

    Entre os presentes no gabinete de Cunha, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), diz acreditar que o clima político fica acirrado, mas fala na necessidade de ter "maturidade" para não se julgar ninguém antes da Justiça.

    "É evidente que o clima político fica acirrado a partir de agora, mas ao mesmo tempo, ficam garantidos direitos constitucionais do presidente no que tange garantias ao contraditório, ampla defesa e presunção de inocência", disse o aliado de Cunha.

    A oposição adotou publicamente o mesmo tom de cautela das últimas semanas, embora nos bastidores mantenha por enquanto o apoio a Cunha, já que ele tem se mostrado o principal aliado na tarefa de atacar o governo Dilma Rousseff.

    "Sempre defendemos o aprofundamento das investigações e o instituto da delação premiada, independente de quem esteja envolvido. Caberá a ele [Cunha], agora, apresentar a sua defesa e, depois disso, o STF irá definir se aceitará ou não a denúncia. É preciso aguardar o desenrolar desse processo", afirmou o deputado Carlos Sampaio (SP), líder da bancada do PSDB.

    "Ele não pode ser blindado nem condenado antecipadamente, tem que aguardar", reforçou o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), ressaltando que não havia ainda lido a denúncia.

    Um grupo de deputados de diferentes partidos, liderados pelo PSOL, anunciou um manifesto pedindo o afastamento de Cunha e fará a coleta de assinaturas de outros parlamentares.

    Até agora, o PSOL foi a única bancada na Câmara que firmou posição pelo afastamento de Cunha, mas o grupo que participou do manifesto inclui parlamentares de outras nove legendas, que deram apoio individualmente: PT, PSB, PPS, PDT, PR, PSC, PROS, PTB e até o próprio PMDB, partido de Cunha.

    PEEMEDEBISTAS

    Mesmo deputados do próprio PMDB já davam declarações menos favoráveis a Cunha nesta quinta.

    "Sem sombra de dúvida fica ruim. Não é um ambiente saudável, não é um ambiente de normalidade. É lógico que atingido por uma denúncia dessa gravidade, lógico que o presidente terá que buscar um recondicionamento, buscar esclarecer para nós internamente, dentro da bancada", afirmou o deputado Danilo Forte (PMDB-CE).

    Cunha se elegeu presidente da Câmara em fevereiro, derrotando o PT e o governo. Apesar das acusações de envolvimento na Lava Jato, tem mantido até agora amplo apoio entre seus pares. Enquete feita pela Folha há algumas semanas mostrou que só PSOL e PPS defendiam seu afastamento do comando da Casa caso fosse denunciado pelo Ministério Público.

    Na noite desta quinta, a bancada de deputados do PMDB soltou nota defendendo Cunha e criticando os pedidos para que ele se afaste do comando da Casa.

    "A bancada do PMDB na Câmara dos deputados apoia e acredita no presidente da Casa, Eduardo Cunha, e se solidariza com ele neste momento em que alguns se açodam a defender teses que ferem o princípio primordial do estado democrático de direito."

    Eduardo Cunha

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