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    Ministro diz que Temer continuará na articulação política do governo Dilma

    PATRÍCIA BRITTO
    DO RECIFE

    21/08/2015 22h38

    O ministro Miguel Rossetto, da Secretaria Geral da Presidência, afirmou na noite desta sexta-feira (21), no Recife, que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) continua na articulação política do governo Dilma Rousseff.

    A coluna Mônica Bergamo informou nesta sexta que Temer confirmou a interlocutores que deixará a articulação política do governo. A data ainda não está definida.

    "Não existe esse tema, o vice-presidente Michel Temer tem feito um excelente trabalho, tem colaborado de forma dedicada com muita qualidade e determinação para as melhores relações do governo com o Congresso Nacional, tem um papel fundamental na aprovação de projetos importantes para o país e vai continuar trabalhando nessa direção", afirmou Rossetto ao ser questionado sobre o motivo da saída de Temer da articulação.

    "O presidente Michel Temer tem desenvolvido um trabalho de grande importância para o país, de grande qualidade na articulação política e vai continuar desempenhando com essa qualidade esse trabalho", reafirmou o ministro a jornalistas, após de participar de evento com a presidente Dilma.

    Ao lado de seis ministros, Dilma participou na noite desta sexta, no Recife, da terceira edição do Dialoga Brasil, uma plataforma digital lançada em julho pelo governo para receber sugestões e propostas de movimentos sociais. Após o evento, apenas Rossetto falou com jornalistas.

    Questionado se a denúncia contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, poderia levar ao afastamento dele do cargo, o ministro afirmou que é a própria Câmara, o Judiciário e o Ministério Público quem devem se pronunciar sobre os temas ligados ao parlamentar.

    "Este tema está localizado corretamente, o tema que envolve o deputado Eduardo Cunha, junto ao Ministério Público Federal, e o Supremo Tribunal Federal. São essas instituições que vão se posicionar e se manifestar sobre a conduta do deputado Eduardo Cunha, da mesma forma como a Câmara Federal vai se manifestar com relação ao deputado e à presidência da Câmara", afirmou.

    "São essas instituições, poder Judiciário, Câmara Federal e Ministério Público Federal que estão tratando e que deverão tratar os temas envolvendo o deputado Eduardo Cunha", concluiu o ministro.

    LUZ NO FIM DO TÚNEL

    Em seu discurso na noite desta sexta, Dilma afirmou que o país irá superar a atual crise política e econômica que o governo enfrenta e que o povo brasileiro "é capaz de todas as transformações". "Eu tenho certeza de que, daqui pra frente, nós vamos superar as dificuldades. Pegar o túnel, porque a chamada luz do fim do túnel, como dizem em Minas Gerais, quem alumia somos nós mesmos. Vamos alumiar a luz do fim do túnel", afirmou.

    A presidente também disse que o governo irá proteger a Petrobras, envolvida em seu maior escândalo de corrupção. "Esse país que tem riquezas que nós vamos proteger e protegeremos sempre, como é o caso do petróleo e da Petrobras. Por isso, eu aposto no Brasil", disse ela.

    Dilma afirmou que acha "um escândalo" a proposta para reduzir a maioridade penal, e que a proposição do governo para evitar que adultos usem jovens como "escudos" para praticar crimes é aumentar a pena nesses casos. "Nós temos é que penalizar o adulto que faz isso, é o adulto que é responsável. Então nós propusemos: quadrilha que usar jovem, a pena do adulto tem que aumentar", disse.

    Durante o encontro, Dilma e os ministros fizeram a defesa dos principais programas do governo federal, como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos e Pronatec, e receberam sugestões de movimentos sociais, sindicalistas e membros de partidos políticos.

    As propostas foram voltadas para as áreas de saúde, educação, redução da pobreza e segurança pública, e foram debatidas pelos ministros Miguel Rossetto (Secretaria Geral), José Eduardo Cardozo (Justiça), Renato Janine Ribeiro (Educação), Arthur Chioro (Saúde), Tereza Campello (Desenvolvimento Social) e Juca Ferreira (Cultura).

    Em seu discurso, Cardozo criticou a redução da maioridade penal, cuja proposta tramita no Congresso. "No Brasil, se prende mal. Tem gente que está solto que devia estar preso, tem gente que está preso que devia estar solto", disse. Segundo ele, o país é o sétimo mais violento do mundo e tem a quarta maior população carcerária.

    Um dia após movimentos sociais irem às ruas em 32 cidades contra o impeachment de Dilma, a presidente foi recebida sob gritos de "não vai ter golpe" e "fora Cunha". O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), foi vaiado diversas vezes pelos participantes do evento.

    Ao discursar, o governador defendeu o diálogo para superar a crise. "O momento exige a unidade nacional e Pernambuco não vai se eximir de contribuir para que o Brasil volte a crescer, gerar emprego, melhore sua saúde, sua renda, segurança, educação", disse.

    MARATONA

    A presidente Dilma Rousseff retomou nesta sexta-feira (21), em Pernambuco, a série de viagens que está realizando pelo país numa tentativa de criar uma agenda positiva para recuperar a popularidade, em recorde de baixa em meio às crises política e econômica que seu governo enfrenta.

    Pela manhã, Dilma participou da entrega de uma estação de bombeamento das obras da transposição do rio São Francisco, em Cabrobó, no sertão pernambucano.

    À tarde, ela se reuniu reservadamente com um grupo de cerca de 50 empresários da Fiepe (Federação das Indústrias de Pernambuco), de setores como agronegócio, farmacêutico, indústria naval, transporte e logística, alimentos, entre outros.

    No encontro, os ministros Armando Monteiro Neto (Desenvolvimento), Kátia Abreu (Agricultura) e Nelson Barbosa (Planejamento) apresentaram detalhes do Programa de Investimento em Logística e do Plano Nacional de Exportação.

    Em meio à crise política e econômica, Dilma deu início na semana passada, em Salvador, a uma reaproximação com o empresariado. O objetivo é evitar o agravamento do pessimismo em relação à economia do país e apresentar oportunidades de investimento para o setor.

    CANAVIEIROS

    Antes da reunião, ela decidiu de última hora receber representantes de associações de canavieiros do Nordeste, para evitar um protesto que o grupo estava preparando para ocorrer durante a visita presidencial.

    Os produtores de cana-de-açúcar do Nordeste se queixam de que o governo ainda não iniciou o pagamento de subvenções a pequenos produtores nordestinos, conforme previsto em lei aprovada e sancionada pela presidente em junho de 2014, que irá beneficiar 30 mil agricultores.

    A lei 12.999 prevê o pagamento de R$ 12 por tonelada de cana produzida, até o limite de 10 mil toneladas por produtor, para pequenos canavieiros nordestinos, afetados pela seca dos últimos anos. Segundo sindicatos, o setor teve perdas de 40% na produção por conta da estiagem.

    O protesto estava sendo organizado pela Unida (União Nordestina dos Produtores de Cana), com participação de sindicatos de vários Estados do Nordeste, mas foi desmobilizado, após a presidente confirmar que receberia o grupo.

    Após o encontro, o presidente da Unida, Alexandre Lima, disse que recebeu de Dilma a promessa de que o pagamento do benefício será autorizado em até três semanas.

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