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    Morte de liderança indígena em aldeia do Xingu cancela Quarup

    DE SÃO PAULO

    24/08/2015 10h25

    Eleonora de Lucena - 26.jul.2015/Folhapress
    Dois lutadores durante a huka huka, tradicional luta dos índios do Xingu
    Dois lutadores durante a huka huka, tradicional luta dos índios do Xingu

    Uma das principais lideranças indígenas do Xingu, Pirakuman Yawalapiti morreu na noite de sexta-feira (21), aos 60 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

    Ele estava na aldeia Kuikuro, onde se realizaria o Quarup no final de semana, quando lideranças encaminhariam pedido para que a cerimônia fosse considerada patrimônio cultural do país. O ritual de homenagem aos mortos foi cancelado.

    Pirakuman chegou a ser levado a um hospital, mas não resistiu, informa nota do Ministério da Cultura divulgada neste domingo (23).

    O líder era defensor da preservação da cultura indígena e militante pelos direitos dos povos. Seu pai, Kanato, atuou com os irmãos Villas-Boas para a criação do Parque do Xingu, em 1961.

    Irmão do cacique Aritana, Pirakuman foi alfabetizado pelos sertanistas. Era nome de destaque na luta pelo ambiente.

    O ministro da Cultura, Juca Ferreira, lamentou a morte, afirmando que o líder "deixará um legado de luta e resistência da cultura indígena para todos nós, brasileiros".

    RITUAL

    No domingo, os indígenas iriam apresentar ao ministro a solicitação oficial das etnias da região para que o Quarup ganhasse o título de patrimônio cultural. Na semana passada, ele ouviu protestos das lideranças indígenas.

    As lideranças também atacaram a Agenda Brasil. Uma das críticas centrais é ao projeto que propõe "revisão dos marcos jurídicos que regulam as áreas indígenas, como forma de compatibilizá-las com as atividades produtivas".

    Identificam no texto genérico mais um ataque do Legislativo, onde tramita a polêmica PEC 215, que confere ao Congresso a prerrogativa de demarcação de terras indígenas e a ratificação das demarcações já homologadas, atribuições hoje do Executivo.

    As lideranças das tribos também protestam contra os itens da agenda que pedem "revisão e implementação de marco jurídico no setor de mineração", "revisão da legislação de licenciamentos de investimento na zona costeira, áreas naturais, e cidades históricas" e agilidade no "licenciamento ambiental para obras estruturantes do PAC e dos programas de concessão, com prazos máximos para emissão de licenças".

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