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    Lava Jato

    Collor volta a criticar Rodrigo Janot às vésperas de sabatina no Senado

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    25/08/2015 17h09

    Geraldo Magela/Agência Senado
    Senado FederalPlenário do CongressoPlenário do Congresso Nacional durante sessão solene destinada a homenagear os 61 anos da morte de Getúlio Vargas. Em discurso, senador Fernando Collor (PTB-AL). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
    Collor discursa durante sessão do congresso em homenagem à Getúlio Vargas nesta terça (25)

    Pelo segundo dia consecutivo, o senador Fernando Collor (PTB-AL) criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao chamá-lo de "mentiroso" e dizer que ele usa o Ministério Público para ações políticas com o intuito de intimidar o Congresso às vésperas da sabatina a que será submetido nesta quarta-feira (26) no processo de sua recondução ao cargo.

    Ex-presidente da República, Collor foi denunciado ao STF (Supremo Tribunal Federal) por Janot na última quinta-feira (20). O procurador-geral pediu a condenação do senador, investigado na Operação Lava Jato, sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras.

    Da tribuna do plenário da Casa, Collor afirmou que o que Janot "vem fazendo em relação à minha pessoa de nada adiantará, porque ele não me calará".

    "Eu estarei todos os dias, todos os minutos, todos os instantes na sua cola, bem próximo dele, ouvindo e sabendo o que ele anda fazendo, as traquinagens que anda praticando para poder, desta tribuna, denunciar alguém que é um engodo, alguém que vem se fantasiando de arauto da moral, dos bons costumes, dono da verdade, o que ele não o é", disse.

    O senador afirmou ainda que Janot tem "mania de vazar informações seletivamente para determinados órgãos de comunicação" e que nesta terça apresentou novas acusações contra ele.

    Como a Folha mostrou nesta terça, a denúncia apresentada contra Collor inclui, além de um ex-ministro dele, dois funcionários de seu gabinete e um assessor da TV Gazeta de Alagoas, que tem o ex-presidente como sócio.

    Eles são acusados de movimentar propina do esquema de corrupção na Petrobras em favor do parlamentar. Segundo a Procuradoria, o grupo recebeu R$ 26 milhões entre 2011 e 2014.

    Em reação à publicação, Collor citou uma fala de Janot na sabatina da qual participou em 2013 quando foi indicado pela primeira vez para assumir a PGR. Na ocasião, disse, Janot afirmou que "um membro do Ministério Público não pode ser um fabricante de boatos" e que é um direito de qualquer pessoa tomar conhecimento diretamente e não pela imprensa de denúncia ou ação de improbidade.

    O procurador teria dito ainda ser um absurdo que promotores anunciem para a imprensa o que ainda irão fazer.

    "O procurador-geral da República mentiu aos senhores senadores, escamoteou a sua verdadeira personalidade e o modus operandi que iria imprimir tão logo assumisse a Procuradoria-Geral da República. [...] Entregar à arapongagem essa instituição é prática dos estados autoritários. [...] É necessário que tenhamos muita atenção para este lobo vestido em pele de cordeiro, chamado Rodrigo Janot. Ele não é isso o que alguns imaginam que ele seja", disse.

    Em pronunciamento semelhante nesta segunda, Collor chamou Janot de "sujeitinho à toa", "fascista da pior extração" e "sujeito ressacado, sem eira nem beira".

    MANOBRA

    Na semana passada, Collor recorreu a uma manobra para poder participar, na quarta (26), da sabatina de Janot, que tenta ser reconduzido à chefia do Ministério Público.

    Líder do bloco que agrega o PTB, PR, PSC e PRB, Collor destituiu o senador Douglas Cintra (PTB-PE) e se indicou para compor a suplência da comissão. Na quarta (19), apresentou um voto em separado contrário à aprovação do nome de Janot.

    De acordo com senadores próximos a Collor, ele tentará constranger o procurador durante a sabatina. Como suplente, poderá participar das discussões mas só terá direito a voto se algum senador do seu bloco estiver ausente.

    Caso o nome de Janot seja aprovado pela CCJ, ele ainda terá que passar pelo crivo do plenário do Senado, onde terá que obter pelo menos 41 votos favoráveis à sua recondução, de um total de 81 senadores.

    Desde que passou a ser investigado pela Lava Jato, Collor tem feito duras críticas à atuação do procurador-geral. No início do mês, em pronunciamento na tribuna do Senado, ele xingou Janot de "filho da puta".

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