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    Auxiliares dizem que Dilma foi alertada sobre necessidade de ajuste

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    26/08/2015 11h24

    Eduardo Anizelli/Folhapress
    CATANDUVA, SP, BRASIL, 25-08-2015, 11h00: A presidenta Dilma Rousseff e o governador Geraldo Alckmin, participam de lancamento de casas do projeto "Minha Casa Minha Vida", no residencial Jose Olympio Goncalves, no bairro Nova Catanduva 1, em Catanduva, interior do estado de Sao Paulo. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress, PODER) ***EXCLUSIVO***
    Geraldo Alckmin segura guarda-chuva para Dilma Roussef durante entrega de casas em Catanduva (SP)

    O mea-culpa tardio da presidente Dilma, que admitiu ter errado na avaliação da gravidade da situação econômica durante a campanha eleitoral de 2014, causou mal-estar entre ex-assessores de seu primeiro mandato.

    Pelo menos três auxiliares ouvidos pela Folha nesta terça-feira (25), que integraram a equipe de Dilma no primeiro mandato, disseram que a presidente foi alertada de que era preciso fazer ajustes na economia no ano passado.

    Os alertas, recordam, vinham inclusive de fora do governo, como do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendia mudanças na política econômica e pediu à sucessora a troca do ministro Guido Mantega (Fazenda).

    As críticas de Lula à política econômica da presidente Dilma vieram num momento em que o país registrava, no segundo trimestre de 2014, uma retração de 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto).

    Um dos assessores destaca, inclusive, que a própria presidente reconheceu que teria de fazer ajustes na economia ao "demitir", no início de setembro, o ministro Guido do seu segundo mandato.

    O auxiliar diz que, na época, Dilma, em conversas internas, fez questão de deixar claro que Mantega não seguiria no segundo mandato como sinalização ao empresariado e também a Lula de que reconhecia a necessidade e faria ajustes na política econômica caso fosse reeleita.

    O movimento foi feito num momento em que o empresariado ensaiava abandonar a candidatura de Dilma Rousseff e aderir à oposição.

    Outro assessor lembra, em defesa de Guido Mantega, que o então ministro da Fazenda e sua equipe sugeriram à presidente medidas para reduzir gastos públicos antes do início da campanha eleitoral do ano passado, como mudanças no pagamento do seguro-desemprego, abono salarial e das pensões.

    As medidas visavam reduzir as despesas com estes benefícios para melhorar o resultado das contas públicas, que já apresentavam sinais de fechar o ano com déficit, mas a presidente preferiu postergar as medidas para depois das eleições.

    Em dezembro do ano passado, antes de deixar o governo, a equipe de Mantega apresentou as medidas, anunciadas como as primeiras do ajuste fiscal do segundo mandato e que foram aprovadas neste ano.

    Ao contrário do que diz a presidente, de que as dificuldades na economia só ficaram mais claras em novembro e dezembro de 2014, os ex-auxiliares lembram ainda que já no final do primeiro semestre o governo era obrigado a recorrer às chamadas pedaladas fiscais para melhorar artificialmente o resultado das contas públicas.

    Na época, o Tesouro começou a intensificar o uso de bancos públicos para bancar o pagamento de benefícios como seguro-desemprego e Bolsa Família diante da falta de recursos em caixa.

    Mesmo assim o governo federal fechou o ano com um déficit primário de R$ 17,2 bilhões, equivalente a 0,34% do PIB (Produto Interno Bruto), o primeiro desde 1997.

    Além disto, sinalizando descontrole no combate à inflação, o IPCA fechou 2014 em 6,41%, quase no teto da meta, de 6,5%. E a economia ficou praticamente estagnada num ano eleitoral, com crescimento de 0,15% do PIB.

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