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    Lava Jato

    Contador ligado à OAS acerta delação premiada na Lava Jato

    GRACILIANO ROCHA
    DE SÃO PAULO
    BELA MEGALE
    ENVIADA ESPECIAL A CURITIBA

    31/08/2015 17h00

    O contador Roberto Trombeta fechou um acordo de delação premiada em que ofereceu informações de detalhes do uso de empresas de fachada para lavar o dinheiro da OAS e da UTC, resultantes de contratos com a Petrobras.

    Em troca de benefícios judiciais, Trombeta e o sócio, o advogado Rodrigo Morales, pagaram R$ 25 milhões. O acordo já foi homologado pelo juiz Sergio Moro.

    Ele é o primeiro operador ligado à construtora baiana OAS a colaborar com as investigações.

    Desconhecido da política de Brasília, Trombeta tinha relação com grandes empreiteiras desde os anos 1990, a título de consultoria tributária.

    Segundo admitiu à Procuradoria, além de assessoria tributária, o contador era responsável por montar e operar empresas de fachada que, firmavam contratos fraudulentos com empreiteiras, para lavar dinheiro desviado da estatal.

    Por meio destas empresas que não tinham funcionários nem prestavam serviços, o contador gerava o dinheiro vivo para pagamento de propina.

    O principal alvo de seus depoimentos foi a OAS. Ele entregou informações de pagamentos realizados pela empreiteira no exterior através de uma empresa offshore.

    Os destinatários destes pagamentos já foram revelados, mas a força-tarefa da Lava Jato ainda espera a entrega dos extratos bancários.

    A delação de Trombeta e Morales ainda está em segredo de Justiça porque parte do conteúdo dos depoimentos do dono da UTC, Ricardo Pessoa, homologada no STF (Supremo Tribunal Federal), ainda não foi tornada pública.

    Apontado como chefe do suposto cartel das empreiteiras, Pessoa disse que os contratos fictícios de consultoria com o escritório de Trombeta permitiram a geração de dinheiro vivo para pagar R$ 20 milhões para a UTC fechar contratos na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras.

    Parte deste valor, segundo Pessoa, era destinada ao ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL).

    A Procuradoria também apura a relação entre Trombeta e Fernando Soares, o Fernando Baiano. O vínculo entre o operador do PMDB e a Hedge, empresa de consultoria contábil de Trombeta e Morales, teria se dado por meio da Academia da Praia, uma das academias mais badaladas da Barra (região nobre do Rio), da qual Baiano acabou tornando-se sócio.

    OUTRO LADO

    Por meio de nota, a OAS negou veementemente as alegações de que tenha pago propinas para obter contratos e aditivos com a Petrobras. Os advogados de executivos da empresa afirmaram que não poderiam comentar a delação de Trombeta e de Morales porque ainda não tiveram acesso a elas.

    A Folha não conseguiu contato com o senador Fernando Collor. Denunciado pela Procuradoria-Geral da República este mês, Collor tem criticado a acusação dos procuradores a quem acusa de usar delatores –"contraventores notórios", segundo ele –persegui-lo.

    Em reiteradas ocasiões, Collor negou o envolvimento com o esquema de corrupção.

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