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    o impeachment

    Dilma pede ajuda ao PMDB para conter rombo nas contas

    MARINA DIAS
    MARIANA HAUBERT
    DÉBORA ÁLVARES
    RANIER BRAGON
    VALDO CRUZ
    NATUZA NERY
    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    02/09/2015 02h00

    Preocupada com os efeitos negativos sobre a economia de sua decisão de enviar o Orçamento de 2016 com previsão de deficit, a presidente Dilma Rousseff assumiu pessoalmente a articulação política e chamou os presidentes do Senado e da Câmara para discutir a crise nesta terça (1).

    Em mais um dia de disparada do dólar, Dilma pediu ajuda ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), este rompido formalmente com o governo, para encontrar saídas para o rombo de R$ 30,5 bilhões previsto no Orçamento do ano que vem.

    PREVISÕES DO GOVERNOS - Em R$ trilhões

    Em reuniões sem a participação do vice Michel Temer (PMDB-SP), que se afastou de boa parte das funções de articulador político na semana passada, a petista se reuniu pela manhã com Renan e, à tarde, com Cunha.

    A presidente tenta evitar que a proposta seja devolvida ao Executivo, como defende a oposição, e busca que sejam aprovadas as medidas de aumento de impostos sugeridas pelo governo para reduzir o tamanho do deficit.

    Além do encontro com Renan e Cunha, Dilma orientou seus ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Nelson Barbosa (Planejamento) e Joaquim Levy (Fazenda) a se reunirem com parlamentares.

    No encontro com o presidente da Câmara, que acusa o governo de estimular o Ministério a Público a denunciá-lo na Operação Lava Jato, Dilma pediu um "canal direto" e que ele trabalhe "em harmonia" com o Planalto, evitando a votação de medidas que aumentem despesas.

    Cobertor curto - Governo tem pouca margem para fazer cortes e tentar diminuir deficit em 2016

    O apelo vem num momento de agravamento da crise econômica, depois de o IBGE oficializar que o Brasil entrou em recessão.

    Depois dos encontros, Renan e Cunha disseram não ver motivos para devolver o Orçamento ao Executivo, mas afirmaram, em entrevistas separadas, que não cabe ao Congresso resolver o problema do deficit. E se colocaram contra aumento de impostos.

    "Quem faz a peça orçamentária é o Poder Executivo, não pode transferir para o Congresso. Nós todos estamos dispostos a ajudar o país, o que não pode é jogar a responsabilidade nos nossos ombros", disse Cunha.

    Renan afirmou ter avisado a Dilma que "não cabe ao Congresso resolver o deficit". Ele manteve sua bandeira em defesa de cortes de gastos.

    FUNKEIRA

    Para explicitar sua fala, o presidente do Senado citou trecho de uma música da funkeira Valesca Popozuda e disse que a chamada Agenda Brasil, conjunto de várias medidas que o peemedebista alinhavou na área econômica, tem como função fazer com que o país não perca o selo de bom pagador das agências de risco internacionais.

    "Tiro, porrada e bomba, para utilizar uma expressão tão contemporânea da música brasileira, não reerguem nações e espalham ruínas que, lamentavelmente, só ampliam os escombros. Nós não seremos sabotadores da nação e nem agentes de mais instabilidade", afirmou.

    OPERAÇÃO

    Por orientação de Dilma, Mercadante recebeu em seu gabinete líderes do PT, PSD e PRB, enquanto Barbosa e Levy foram ao Congresso.

    "Precisamos retomar uma ampla discussão sobre a Previdência Social. Hoje é o gasto que mais cresce", disse Barbosa, para quem há pouco espaço para cortes e necessidade de novos recursos.

    O ministro fez também um apelo para que os parlamentares não derrubem o veto de Dilma ao aumento do salário dos servidores do Judiciário, aprovado pelo Senado e que, segundo o governo, traria um impacto de R$ 25,7 bilhões aos cofres públicos para os próximos quatro anos.

    O relator do Orçamento, deputado Ricardo Barros (PP-PR), informou que a proposta não incluiu despesas que podem chegar a R$ 3,4 bilhões, o que deve elevar ainda mais o deficit da União.

    SUPERSIMPLES

    Na noite desta terça, em uma derrota para o ministro Joaquim Levy, a Câmara aprovou por 417 votos a favor e dois contra o texto principal do projeto de lei que amplia o número de contribuintes que podem entrar no Supersimples, sistema tributário para empresas de menor porte.

    Nesta quarta (2), devem ser votadas propostas feitas por parlamentares para alterar o texto, que depois seguirá para o Senado. O governo conseguiu negociar para que a medida só tenha impacto em 2017.

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