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    Lava Jato

    Reforma em casa de Dirceu que teria usado propina custou R$ 1,8 mihão

    BELA MEGALE
    DE SÃO PAULO

    04/09/2015 11h25

    A casa em que o ex-ministro José Dirceu planejava reconstruir sua vida em Vinhedo (SP) ao lado da filha Maria Antonia, 4, e da mulher, Simone Tristão, após a condenação do mensalão, jamais chegou a ser conhecida pelo petista depois de pronta.

    Menos de dois anos depois de ser preso devido à condenação por seu envolvimento no mensalão, o ex-ministro voltou para a cadeia, desta vez na 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de "Pixuleco", deflagrada em agosto.

    O imóvel, que recebeu um investimento de mais de R$ 1,8 milhão –segundo depoimento da arquiteta responsável pela obra, Daniela Facchini, que apresentou documentos para atestar sua versão–, foi uma das provas materiais que ajudou a levar Dirceu novamente para trás das grades.

    Registrada em nome da TGS Consultoria, empresa de Julio Cesar, que confessou ter servido de "laranja" para Dirceu comprar dois imóveis, a casa, com quase 500 metros, ganhou em sua nova versão 386 itens.

    Um jogo com poltronas, mesa de centro e aparador custou R$ 140 mil. Em dois pufes, foram desembolsados R$ 8.600, e a mesa de trabalho saiu por R$ 6.900.

    A nova versão da casa também conta com deck na área externa, banheira e um moderno sistema de TV, com projeção de imagens em uma película instalada no meio da sala.

    Todos os detalhes foram pagos pela empesa do lobista Milton Pascowitch, a Jamp Engenharia Associados, que de abril a dezembro de 2013 fez depósitos na conta de Daniela totalizando o valor de R$ 1,3 milhão. Segundo o depoimento da arquiteta, o restante do valor foi entregue a ela em espécie por Pacowitch para investir na obra.

    Em depoimento à PF prestado em agosto, Daniela também afirmou que só viu Dirceu uma vez, quando ele se aproximou da obra, mas não chegou a entrar no terreno. A arquiteta disse que o petista morava em uma casa ao lado daquela que estava em reforma no mesmo condomínio, chamado Santa Fé.

    Segundo Milton Pascowitch, que é acusado de repassar propina em negócios entre as empreiteiras e a Petrobras e que fez um acordo de delação premiada com as autoridades da Lava Jato, o dinheiro que custeou a reforma da casa veio de pagamento de propina feito pela Engevix, uma das empresas envolvidas no escândalo.

    A defesa de José Dirceu confirma que Pascowitch custeou a reforma, mas ponderou que ela foi paga como remuneração de um contrato de consultoria que o ex-ministro prestou ao lobista. Segundo o advogado Roberto Podval, "Foi Milton Pascovitch quem enriqueceu às custas de José Dirceu".

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