• Poder

    Saturday, 04-May-2024 19:23:28 -03

    Procuradoria investiga possível milícia de fazendeiros contra índios em MS

    LUCAS REIS
    DE SÃO PAULO

    04/09/2015 16h58

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 01-09-2015, 16h00: Índios Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul protestam com um caixão na frente do Palácio do Planalto. Eles protestam por conta da morte de um líder indígena na região no último dia 29, supostamente assassinado por ruralistas, e contra a paralização da política de demarcação de terras indígenas por parte do governo federal. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    índios guarani-kaiowá protestaram em Brasília na terça (1º) contra morte de colega em MS

    O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul abriu inquérito para investigar a possível formação de uma milícia privada de fazendeiros para atacar indígenas no sul do Estado.

    O órgão teve acesso a mensagens enviadas nesta quinta (3) pelo presidente do Sindicato Rural de Rio Brilhante, Luís Otávio Britto Fernandes, nas quais ele convoca produtores a se juntarem para remover indígenas em área ocupada no distrito de Bocajá, a 30 km de Dourados.

    A investigação tem como base o artigo 288-A do Código Penal, que prevê reclusão de quatro a oito anos para o crime de constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão.

    "Urgente mobilização, fazenda invadida em Bocajá. Convidamos todos os produtores rurais para se unirem e se deslocarem até o local. Os interessados em se unirem a essa mobilização favor entrar em contato com Luís Otávio", diz trecho de mensagem divulgada pela Procuradoria.

    No sábado (29), um índio da etnia guarani-kaiowá, Semião Fernandes Vilhalva, foi assassinado na região quando proprietários rurais tentavam retomar a posse de uma fazenda ocupada pelos indígenas.

    Na terça (1°), guaranis-kaiowá levaram um caixão para a frente do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal para protestar contra a morte do colega.

    Procurado, o sindicato rural informou que não tem conhecimento do inquérito e que não vai se pronunciar.

    NOVOS CONFLITOS

    O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) informou que fazendeiros atacaram indígenas da etnia guarani-kaiowá em área próxima aos municípios de Douradina e Itaporã, no sul do Estado, na noite desta quinta.

    Segundo o órgão, fazendeiros atiraram contra os indígenas, que correram para a mata. Centenas de famílias, de acordo com o Cimi, permanecem acampadas em áreas próximas à espera de proteção.

    A Polícia Federal em Dourados confirmou à Folha que foi acionada pela Funai, mas não forneceu detalhes do ocorrência. Procurada, a Funai não se manifestou até a conclusão desta reportagem.

    RECORDISTA DE MORTES

    Nenhum Estado brasileiro é tão hostil à presença indígena quanto Mato Grosso do Sul, apontam dados da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena).

    Entre 2003 e 2014, segundo relatório do Cimi, 390 indígenas foram assassinados no Estado. O número é superior à soma dos índios mortos no mesmo período em todos os outros Estados brasileiros (364).

    Em média, 35 indígenas são mortos em MS todos os anos, mas o número pode ser maior, já que muitos casos não são notificados. Desde 2003, em média, 68 índios são mortos por ano no Brasil.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024