• Poder

    Friday, 28-Jun-2024 22:01:01 -03

    o impeachment

    Devemos repudiar os que querem sempre a catástrofe, afirma Dilma

    PATRÍCIA BRITTO
    ENVIADA ESPECIAL A TERESINA
    YALA SENA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PAULISTANA (PI)

    11/09/2015 18h51

    No centro de uma crise política e econômica e alvo de um pedido de impeachment, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (11), em Teresina, que é preciso "repudiar" aqueles que querem o "desastre" e a "catástrofe" no país.

    "Nós enfrentamos hoje um momento que muita gente considera que 'quanto pior, melhor'. Quando pior, melhor para uma minoria. Quanto pior, pior para o conjunto da população brasileira. Nós devemos repudiar esses que querem sempre o desastre, sempre a catástrofe", afirmou a presidente durante evento do Dialoga Brasil.

    A petista tem enfrentado a mais grave crise de seu governo, com investigações sobre escândalo de corrupção na Petrobras, alta da inflação e aumento do desemprego, perda do selo de bom pagador do país, desentendimentos com o Congresso e a perda de apoio de aliados.

    Yala Sena/Folhapress
    Dilma Rousseff anda de trem durante visita à ferrovia Transnordestina, em Paulistana, no Piauí

    Em Teresina, Dilma também voltou a defender a democracia e a conquista do voto direto –nesta quinta, a oposição lançou uma campanha na internet para colher apoios para o pedido de impeachment da presidente.

    "Esse é um país democrático, um país que conquistou, com muito esforço, a democracia, e eleição dos seus governantes por voto direto, e conquistou sobretudo isso que é uma diferença nossa para o resto do mundo: nós somos um país que respeita as diferenças", afirmou Dilma.

    A presidente disse ainda que o Brasil "não pode aceitar a intolerância" e defendeu políticas voltadas para diferentes grupos sociais. "Cidadania é também o direito da população indígena, da população negra deste país, dos quilombolas, é também o direito das mulheres viverem sem violência e terem as mesmas oportunidades."

    Durante o evento, em que ministros e movimentos sociais discutem propostas de políticas públicas para áreas como saúde, educação e cultura, Dilma defendeu os programas sociais de seu governo e afirmou que "ainda há muito que fazer".

    "Nós estamos aqui sabendo de três coisas. Primeira, nós temos consciência de que realizamos muitos programas, alguns eu considero que são programas estratégicos, como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Mais Médicos, o Prouni, o Fies. Outros nós achamos que ainda devemos fazer, devemos melhorar. E a terceira coisa é que a gente sabe que ainda há muito que fazer, há muito para construir oportunidades, há muita coisa na qual a gente precisa persistir", disse ela.

    Dilma vem afirmando em seus discursos e entrevistas que, apesar da crise, os gastos em programas sociais serão mantidos. Mesmo assim, o governo decidiu limitar os investimentos em programas que são vitrine da gestão petista, como Minha Casa Minha Vida, Pronatec e Ciências sem Fronteiras.

    Ao chegar ao evento no Theresina Hall, a presidente foi recebida com flores e gritos de "não vai ter golpe". Ao sair, não falou com jornalistas. Ainda nesta sexta, ela se reúne a portas fechadas com empresários na capital piauiense.

    INTERIOR DO PI

    A visita de Dilma ao Piauí é a sexta viagem presidencial ao Nordeste desde agosto, quando a presidente iniciou uma ofensiva para tentar recuperar a popularidade na região. Nas últimas cinco semanas, Dilma também viajou para Maranhão, Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba.

    Mais cedo, a presidente também visitou obras da ferrovia Transnordestina na cidade de Paulistana (PI), a 450 km de Teresina.

    Dilma Rousseff andou 10 minutos de trem na ferrovia e ouviu dos empresários a garantia de entregar trechos da obra no próximo ano.

    A presidente chegou ao local por volta das 12h em cima do vagão nos trechos de lotes seis e sete –a ferrovia liga Eliseu Martins, no Piauí, e Trindade, em Pernambuco, e passa por Paulistana.

    Ela foi recepcionada por um grupo de operários da ferrovia, que tiraram selfies com a presidente. Questionada quando entregaria a obra da Transnordestina, Dilma disse: "Eu quero voltar aqui [no Piauí] e entregar a obra desse trecho em 2016 e estou contando com ajuda do Ciro [Gomes, coordenador da Transnordestina]."

    Em seguida, ela visitou outro trecho e lá observou o trabalho dos operários que colocavam dormentes nos trilhos. A presidente não fez discurso no local.

    Lançada em 2006 como um dos principais projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a Transnordestina tem a promessa de potencializar o transporte de carga no Nordeste.

    ESCASSEZ DE ÁGUA

    As obras enfrentam outro problema: a escassez de água. O diretor geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, no Piauí, Djalma Policarpo, informou que a Transnordestina está proibida de captar água do açude Ingazeiras para a construção da ferrovia.

    "Havia o risco de faltar água na região e, por isso, a ANA [Agência Nacional de Água] proibiu a captação. A prioridade é o abastecimento humano", disse Policarpo.

    Francisco Pedrosa, gestor ambiental e do Comitê de Monitoramento do açude Ingazeiras, informou que a Transnordestina só poderá retirar água da barragem até o dia 19 de setembro. Segundo ele, a empresa retira 1,6 milhão por dia do açude.

    A Folha tentou, mas não conseguiu ouvir representante da Transnordestina.

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024