A oposição apresentou na sessão plenária desta terça (15) um questionamento para que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se pronuncie sobre qual rito irá adotar na análise dos pedidos de impeachment de Dilma Rousseff.
A medida foi debatida a portas fechadas na manhã desta terça pelo próprio Cunha e líderes da oposição em café da manhã na residência oficial da presidência da Câmara.
Oposicionistas afirmam, reservadamente, que o objetivo é reforçar o caráter coletivo do processo, evitando assim que Cunha seja apontado isoladamente como responsável pela deflagração de uma ação que pode resultar no afastamento da presidente da República.
O roteiro discutido há várias semanas por Cunha e oposição estabelece que o presidente da Câmara deve rejeitar dar sequência a qualquer pedido de impedimento, incluindo o do advogado e fundador do PT Helio Bicudo, que deve ser encampado pela oposição.
Com isso, haverá recurso ao plenário, onde bastará o voto da maioria dos presentes à sessão para que seja dada sequência ao pedido. Daí instala-se uma comissão especial que dará um parecer ao plenário. Caso pelo menos 342 dos 513 deputados concordem com a abertura do processo de impeachment, Dilma então é afastada do cargo.
Ao receber o questionamento da oposição nesta terça, Cunha disse que apresentará uma resposta, mas não estabeleceu prazo para que isso ocorra.
Uma das dúvidas apresentadas pela oposição é sobre o prazo para que seja colocado em votação o recurso a eventual rejeição de Cunha ao pedido de impeachment. Não há prazo definido na legislação, mas a oposição quer que Cunha estabeleça que o recurso será votado rapidamente.
Alguns oposicionistas têm dito que o presidente da Câmara demonstra reticência nas articulações pró-impeachment. Já outros dizem que ele se mantém firme no propósito, apenas toma cuidado para evitar que suas digitais apareçam.
Eleito presidente da Câmara apesar da oposição do governo e do PT, Cunha se declarou adversário do Palácio do Planalto assim que veio à tona a acusação de que ele recebeu US$ 5 milhões em propina do esquema de corrupção da Petrobras. Seu discurso é o de que o governo age nos bastidores para incriminá-lo na Lava Jato.