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    o impeachment

    Temer quer ouvir PMDB antes de comentar pacote de ajuste fiscal

    LEANDRO COLON
    ENVIADO ESPECIAL A VARSÓVIA

    16/09/2015 14h48

    Elza Fiúza - 05.ago.2015/Agência Brasil
    Brasilia, 05/08/2015 - Temer pede união do país para superar crise política e econômica. O vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer, fez hoje (5) um apelo para que todos os setores da sociedade e o Congresso Nacional se unam em favor do Brasil. Ele disse que há preocupação com a situação política e econômica do país.
    O vice presidente da República, Michel Temer

    O vice-presidente Michel Temer disse nesta quarta-feira (16) à Folha que quer ouvir o seu partido, o PMDB, antes de se manifestar publicamente sobre o pacote fiscal anunciado pela presidente Dilma Rousseff na segunda-feira (14).

    "Só falo disso no Brasil. Vamos esperar eu voltar e ouvir o PMDB, examinar o quadro geral", respondeu Temer, rapidamente, ao chegar ao hotel onde está hospedado em Varsóvia (Polônia).

    O vice-presidente não respondeu à pergunta da reportagem sobre estar ou não otimista com a aprovação das propostas no Congresso.

    "Cada meia palavra que eu digo pode ter um significado equivocado", disse Temer, pouco depois, sobre o motivo pelo qual prefere não comentar o pacote durante sua viagem.

    Temer está em Varsóvia para compromissos com autoridades polonesas nesta quinta-feira (17), entre elas a primeira-ministra Ewa Kopacz. Desembarcou na Polônia depois de visita a Moscou, na Rússia.

    Ministros que o acompanham na comitiva relatam que ele, agora fora da articulação política do governo, buscará atuar em nome do partido em relação ao pacote, afinando o discurso da legenda no Congresso.

    Questionado sobre a a indicação de Giles Azevedo, assessor especial da Presidência, para cuidar também da articulação política no Congresso, Temer afirmou: "O Giles é uma boa figura, e colabora sempre com o governo, é o principal".

    Temer foi avisado por telefone por Dilma sobre os detalhes das medidas e estaria contrariado com alguns pontos. A principal reclamação que tem ouvido dos colegas de PMDB é a elevação da carga tributária. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), declarou que a recriação da CPMF, por exemplo, é improvável de ser aprovada neste ano.

    Acompanhando Temer na viagem, o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, pediu "sensibilidade política" do governo na negociação no Congresso. "O corte e o aumento de impostos terão uma relação inversamente proporcional, quanto maior o corte, menor o aumento nos impostos, quanto menor o corte, maior o aumento de impostos. Aí o governo terá que ter sensibilidade política para ver onde é mais fácil transitar", disse.

    Padilha saiu em defesa de sua pasta ao comentar a extinção de alguns ministérios como parte deste ajuste, incluindo o seu, que seria integrado, segundo especula-se, ao Ministério dos Transportes. Uma possibilidade cogitada pelo ministro é juntá-la a outra secretaria –no caso, o PMDB defenderia uma união a Secretaria dos Portos.

    "O que tenho bradado aos quatro ventos é que a aviação civil é um 'case' de sucesso na administração pública brasileira. Tem que haver uma reflexão se é conveniente fazer um agrupamento ou se é mais importante ficar com alguma autonomia, quem sabe unindo apenas duas secretarias", disse o ministro.

    RÚSSIA

    Antes de seguir para a Polônia, Temer cumpriu um último dia de agenda em Moscou, onde se encontrou com o premiê russo Dimitri Medvedev.

    O principal ponto destacado no discurso dos dois foi a intenção de aumentar as trocas comerciais entre os dois países, além da defesa de maior diálogo entre o Mercosul e a União Econômica Eurasiática, bloco gestado pelo presidente russo Vladimir Putin. Também trataram da realização de pagamentos em moedas nacionais entre os dois países.

    A Rússia já tem sistema equivalente com a China, com quem realiza trocas comerciais em moedas nacionais, e seu objetivo é estabelecer o mesmo tipo de relação com o Brasil, evitando assim os prejuízos causados pela flutuação do câmbio.

    "Me comprometi a fazer novas consultas com o Banco Central do Brasil para verificar se isso é possível", disse Temer.

    No setor militar, o vice-presidente disse que os sistemas antiaéreos russos Pántsir, cujas negociações se arrastam há anos entre os países, ainda estão sendo considerados pelo Brasil. Temer disse ter tratado do tema em conversa privada.

    "Nós usamos em larga escala os helicópteros russos, que estão em plena atividade no Brasil. E o sistema antiaéreo Pántsir, que é bastante importante para o Brasil e já está em negociações há muito tempo, deve concretizar-se, nos esperamos, ainda em 2016", declarou durante a reunião.

    Temer anunciou ainda que mil estudantes brasileiros deverão receber bolsas para estudar em Moscou pelo programa Ciência sem Fronteiras.

    Colaborou MARINA DAMAROS, em colaboração para a Folha em Moscou

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