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    o impeachment

    Movimentos sociais protestam na av. Paulista, em SP, contra ajuste fiscal

    BRUNO FÁVERO
    DE SÃO PAULO

    18/09/2015 16h50

    Com carros de som, faixas de protesto e até bonecos de Dilma Rousseff e Geraldo Alckmin, movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda ocuparam parte da avenida Paulista, em São Paulo, para se manifestar nesta sexta (18) contra o último pacote de ajuste fiscal proposto pelo governo federal.

    A concentração começou no vão livre do MASP às 15h, foi até a Fiesp, e, por volta das 16h45, ocupou a Paulista. Às 18h15, começou a descer a rua da Consolação em direção à praça da República, onde foi encerrada oficialmente às 21h.

    Organizadores afirmam que mais de 15 mil pessoas compareceram ao ato. A PM não divulgou estimativa.

    O trânsito da avenida Paulista foi interrompido no trecho do MASP até a rua da Consolação, sentido Dr. Arnaldo. A Consolação foi fechada no sentido centro.

    Durante o ato, os organizadores criticaram medidas de arrocho salarial, a Agenda Brasil e o aumento da taxa de juros. Defenderam como alternativa para equilibrar as contas públicas a taxação de grandes fortunas e o não pagamento da dívida pública.

    Diferentemente de outros setores da esquerda, como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), os organizadores não descartam a saída de Dilma Rousseff, embora tampouco defendam abertamente o impeachment por acreditar que "nada mudaria" com o vice-presidente Michel Temer no poder.

    "Se alguém tinha alguma esperança no governo Dilma, está aí o ajuste fiscal para acabar com ela. A conjuntura nos mostrou que a conciliação dos interesses de classe não é mais possível", afirmou um militante que estava no carro de som e não se identificou.

    O ato também se manifestou contra Aécio Neves (PSDB-MG), Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Dois bonecos gigantes de Dilma e de Alckmin com adesivos de grandes construtoras, como OAS, Odebrecht e UTC foram levados ao ato.

    As palavras de ordem mais gritadas eram "Chega de Dilma, chega de Aécio, chega de Cunha e desse Congresso"

    "Ontem o STFdecidiu que as doações de empresas são ilegais e todos os partidos no poder receberam uma fortuna de empresas. É um fraude eleitoral, todos deviam renunciar já", gritou Macapá, presidente do sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos.

    DIVERSIDADE

    Apesar do consenso contra o ajuste fiscal, o ato foi marcado por uma grande variedade de movimentos e pautas.

    Entre outros grupos, reuniram-se sindicatos de metalúrgicos, funcionários dos Correios, garis, trabalhadores da construção civil, representantes de movimentos negros e indígenas, militantes LGBT, professores em greve, além de partidos como PCB, PSTU e PSOL.

    Algumas dezenas de pessoas se alternavam no microfone do carro de som discursando a favor da pauta conjunta e de cada movimento.

    Em um determinado momento, um refugiado sírio falou, em árabe, sobre a situação de seu país e também criticou a atuação de Israel nos assentamentos palestinos.

    "Nosso movimento é internacionalista", declarou seu tradutor simultâneo antes de puxar o grito "Brasil! Síria! América Central! A classe operária é internacional".

    No sábado (19), os movimentos pretendem organizar uma reunião com trabalhadores para decidir uma proposta conjunta de saída da crise.

    SAÍDA DE DILMA

    Diferentemente de outros setores da esquerda, como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), os movimentos sociais por trás do ato desta sexta não descartam a saída de Dilma Rousseff, embora tampouco defendam abertamente o impeachment por afirmar que "nada mudaria" com o vice-presidente Michel Temer no poder.

    Seus líderes dizem não ter participado das manifestações pró-impeachment de 16 de agosto, promovidas "pelos setores mais reacionários da sociedade", nem das contra a saída de Dilma do dia 20 de agosto, "encampadas pelo governo".

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