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    Cunha critica STF e pressiona Dilma a não vetar financiamento privado

    RANIER BRAGON
    DE BRASÍLIA

    21/09/2015 16h25

    Alan Marques-20.ago.2015/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 20.08.2015. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, comanda sessão de votação da Casa. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, comanda sessão de votação da Casa

    Um dos principais defensores do financiamento privado das campanhas eleitorais, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou o Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (21) e disse que se a presidente Dilma Rousseff vetar o ponto da reforma política que valida a prática estará interferindo na autonomia do Congresso Nacional.

    O peemedebista argumenta que, embora o STF tenha considerado, em julgamento concluído na semana passada, inconstitucional que empresas doem recursos a candidatos e partidos, o assunto não está encerrado.

    Em primeiro lugar, ele reverberou fala do ministro do STF Gilmar Mendes –voto vencido no julgamento– no sentido de que o tribunal precisa modular sua decisão, ou seja, dizer a partir de quando ela vale, e em que termos.

    O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, disse que a decisão vale daqui em diante, ou seja, já para as eleições de 2016. Mas Gilmar e Cunha cobram que essa definição seja dada pelo plenário da corte. Segundo o presidente da Câmara, os partidos estudam apresentar um questionamento ao STF pedindo a modulação da decisão.

    Cunha argumenta que o tribunal criou um grave problema aos candidatos e irá resultar na figura do doador-laranja. Em sua avaliação, empresas procurarão pessoas físicas para, por meio delas, continuar financiando candidatos de forma camuflada.

    VETO

    Antes do julgamento do STF, o Congresso havia aprovado parte da reforma política, incluindo a permissão do financiamento privado, limitado a R$ 20 milhões por empresa. Dilma tende a vetar esse ponto em decorrência do julgamento do STF.

    Cunha afirmou, entretanto, considerar essa hipótese uma interferência do Executivo no Legislativo, apesar de os vetos presidenciais a projetos do Congresso serem uma previsão normal nas regras de relação entre os poderes. A última palavra é sempre do Congresso, que por maioria absoluta de seus integrantes pode derrubar a decisão presidencial.

    O argumento do peemedebista é o de que não há modulação da decisão nem acórdão [a formalização da decisão] publicado.

    "Não tem acórdão publicado, a matéria não está transitada em julgado [com decisão definitiva] para que o governo use um julgamento que não conhece o teor do acórdão para poder vetar. Se o governo vetar a lei eleitoral vai ser uma interferência do Poder Executivo no Legislativo", disse Cunha.

    Ele afirmou ter discutido esse cenário nesta segunda com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), que concordaria com sua posição. Cunha deu a entender também que caso Dilma vete esse ponto, o Congresso poderá se reunir rapidamente para derrubar essa decisão.

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