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    Lava Jato

    Condenação de Vaccari prova que PT institucionalizou corrupção, diz Aécio

    MARIANA HAUBERT
    DE BRASÍLIA

    21/09/2015 19h55

    O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta segunda-feira (21) que a condenação do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto a 15 anos de prisão por seu envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras representa a institucionalização da corrupção promovida pelo PT para se manter no poder.

    O tucano cobrou ainda uma posição da presidente Dilma Rousseff em relação ao tesoureiro, que ajudou na arrecadação de recursos para a campanha eleitoral que levou à reeleição da petista.

    "Com a condenação hoje do primeiro agente político do processo do petrolão, na verdade nós assistimos à condenação de todo esse esquema institucionalizado de corrupção que o PT estabeleceu para se manter no poder. Mais do que o enriquecimento pessoal dos agentes que participaram desse processo, a gravidade é maior quando o dinheiro da propina interfere no processo político e democrático como atestam os fatos que levaram a essa condenação", disse.

    Candidato derrotado à Presidência no ano passado, Aécio cobrou que Dilma diga novamente se confia ou não em Vaccari. De acordo com o tucano, questionada durante a campanha se confiava em Vaccari ou não, a presidente permaneceu em silêncio. "O seu silêncio foi a confirmação de que confiava", disse.

    "Cabe agora à presidente dizer aos brasileiros se continua confiando no 'seu' João Vaccari Neto, responsável pela arrecadação de parte importante dos recursos que irrigaram a sua campanha ou se o juiz Moro e a Justiça Federal cometeram com ele uma grande injustiça. Com a palavra, a senhora presidente da República", completou.

    Em discurso na tribuna do Senado, Aécio destacou um dos trechos da sentença do juiz Sérgio Moro escreveu que o elemento "mais reprovável" da corrupção na Petrobras talvez seja a "contaminação da esfera política pela influência do crime", em uma referência ao benefício ao PT. "A corrupção gerou impacto no processo político democrático, contaminando-o com recursos criminosos", afirmou.

    "Se apoderaram do Estado nacional com o objetivo de se perpetuarem no poder. A utopia foi jogada fora. O mais grave é que roubaram a alma dos brasileiros, a crença na atividade política. Não existe futuro para nenhuma sociedade sem democracia, sem que os cidadãos façam suas escolhas com liberdade", disse.

    Aécio afirmou ainda que está "cada vez mais próxima" a comprovação de que a campanha de Dilma usou dinheiro da propina e da corrupção. "Todos têm que respeitar a legislação e não podem se eleger financiados por dinheiro da propina, da corrupção como cada vez fica mais próximo de ser comprovado como a campanha da presidente Dilma", disse.

    Além de Vaccari, foram condenados também o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e mais oito acusados de desvios na Petrobras investigados pela Operação Lava Jato.

    É a primeira condenação na Justiça Federal do Paraná do ex-tesoureiro e do ex-diretor, que foram presos em abril e março deste ano. Cabe recurso, mas os dois vão permanecer detidos.

    A ação penal abordava obras da Petrobras em quatro empreendimentos: as refinarias de Paulínia (SP) e de Araucária (PR), o gasoduto Pilar-Ipojuca, no Nordeste, e o duto Urucu-Coari (AM).

    De acordo com a sentença, foram pagos R$ 23,4 milhões em propina na Diretoria de Abastecimento, pelos consórcios Interpar e CMMS, e outros R$ 43,4 milhões na Diretoria de Serviços.

    Vaccari foi acusado de articular repasses de ao menos R$ 4,3 milhões da propina para o PT, inclusive por meio de doações oficiais. Para o juiz Sergio Moro, havia coincidência entre as doações e os pagamentos da Petrobras ao consórcio Interpar.

    O ex-tesoureiro petista, que também é réu em outras ações, foi condenado a 15 anos e quatro meses de prisão por lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção. Também precisará pagar multa de cerca de R$ 820 mil.

    PT

    Em nota, o PT afirmou que considera um "equívoco" a condenação de Vaccari e que confia numa reforma da sentença -considerada "injusta" pelo partido- nas instâncias superiores.

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