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    Com apoio de ministros, Kassab faz nova ofensiva para esvaziar PMDB

    RANIER BRAGON
    GUSTAVO URIBE
    NATUZA NERY
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    28/09/2015 02h00

    Edson Ruiz - 23.set.2015/Coofiav/Folhapress
    Ministro das Cidades, Gilberto Kassab, vem a Bahia e participa da abertura oficial do Encontro Nacional da Industria da Construção Civil - ENIC - realizada no Teatro Castro Alves, e foi acompanhado do Prefeito de Salvador, ACN Neto e do Governado da Bahia, Ruiz Costa. na foto: Gilberto Kassab, foto: Edson Ruiz / Coofiav *** PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS ***
    Kassab na abertura do Encontro Nacional da Indústria da Construção Civil, na Bahia

    Com o apoio do primeiro escalão de Dilma Rousseff, o ministro Gilberto Kassab (Cidades) patrocina nesta semana a última tentativa de recriar o Partido Liberal, legenda cujo objetivo é formar um bloco governista para rivalizar com o PMDB, além de esvaziar a oposição e o movimento pró-impeachment.

    A pedido do ex-prefeito de São Paulo, integrantes do Palácio do Planalto adiaram a publicação da sanção presidencial à reforma política aprovada pelo Congresso.

    Caso saísse no Diário Oficial na sexta (25), como esperado, a medida jogaria por terra os planos de Kassab de levar até 28 deputados federais para a nova sigla.

    A movimentação de bastidores do ministro das Cidades, hoje um dos mais fiéis aliados de Dilma, começou logo após a reeleição da petista, no ano passado.

    Incomodado com o poder do PMDB na coalizão –é o maior partido aliado a Dilma–, o Palácio do Planalto deu sinal verde a Kassab e a Cid Gomes (que viria a ser ministro da Educação) para tentar criar um polo alternativo.

    Sempre negando publicamente estar ligado à operação, Kassab começou, por meio de aliados, a tentativa de recriar o Partido Liberal. O intuito era atrair deputados federais da oposição e do PMDB para a nova sigla e, depois, fundi-la com o PSD (o atual partido que Kassab comanda), superando em tamanho os peemedebistas. Hoje o PMDB tem 66 deputados federais; o PSD, 34.

    A ação, porém, esbarrou na derrota do governo para Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que em fevereiro assumiu a presidência da Câmara dos Deputados e, desde então, trabalha para minar os planos de Kassab e denunciar publicamente a tentativa do Planalto de alvejar o parceiro PMDB.

    ARTICULAÇÃO

    O último revés do ex-prefeito ocorreu no começo de agosto, quando o Tribunal Superior Eleitoral rejeitou o pedido de registro do PL. São necessárias cerca de 487 mil assinaturas de eleitores para que um partido seja criado, mas o PL só apresentou na ocasião 167 mil.

    A partir de então, Kassab articulou reação. O PL entrou com recurso em setembro e entregou ao tribunal uma papelada em que afirma estarem as assinaturas faltantes.

    O TSE encaminhou o recurso para que o Ministério Público dê parecer e, segundo Kassab disse a colegas da Esplanada, aprovará a recriação do PL nesta terça (29).

    Segundo relato de dois auxiliares de Dilma Rousseff, Kassab pediu aos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Comunicações), em reunião no Palácio da Alvorada na quinta (24), que eles suspendessem a publicação, marcada para o dia seguinte, da sanção presidencial à reforma política.

    Àquela altura, Dilma voava para Nova York e havia deixado a sanção pronta. Kassab não a queria publicada na sexta porque ela coloca na lei que deputados federais só podem mudar de partido sem risco de perder o mandato no sétimo mês anterior às eleições –a próxima janela do troca-troca só se abriria em março de 2016.

    Até a sanção ser publicada, continua valendo a resolução do TSE que permite a migração para novas legendas nos 30 dias posteriores à sua criação.

    COMPROMISSOS

    Segundo promessa de Kassab a Mercadante e Berzoini, ele já tem prontas e assinadas a filiação ao PL de 25 a 28 deputados federais de siglas como PV, DEM, PSB e PMDB, ação que seria concretizada ainda na terça (29), após eventual aval do TSE ao PL.

    Caso chegue ao número máximo prometido, além de esvaziar a oposição o ex-prefeito reuniria 62 deputados na aliança PSD-PL, quase o mesmo tamanho do PMDB (66). O ministro das Cidades argumentou que essa operação é, em sua visão, essencial no momento em que a oposição tenta deflagrar processo de impeachment, com apoio de alas do PMDB.

    IMPEDIMENTO

    Apesar de ocupar a vice-presidência, com Michel Temer, e ministérios, o PMDB abriga rebelados em sua base, como Cunha, e ameaça declarar independência do governo em novembro próximo.

    Pelo acordo traçado no Alvorada, a sanção só será publicada na quarta (30), último dia do prazo. Porém, a Dilma e ministros estariam sofrendo pressão do PMDB para que ela saísse já nesta segunda (28) para parrar a articulação do ministro.

    O impasse tem potencial de elevar a temperatura da crise em uma semana em que o governo quer fechar a reforma ministerial e melhorar sua relação com o PMDB.

    Ainda de acordo com auxiliares de Dilma ouvidos pela Folha, Kassab está prometendo aos deputados dispostos a ingressar no PL controle sobre o partido em seus redutos, além de coligação com o PSD na campanha de 2016, o que daria mais tempo de TV para os candidatos.

    Em sua decisão sobre a reforma política, Dilma decidiu vetar apenas o ponto que permite o financiamento empresarial de partidos políticos. Ela seguiu decisão do STF (Supremo Tribunal Federal )que considerou a prática inconstitucional.

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    REBU GOVERNISTA - A SAGA DO PL

    Kassab causa tumulto na coalizão de Dilma Rousseff ao tentar criar polo alternativo ao PMDB

    O INÍCIO
    Após a reeleição de Dilma Rousseff, os ministros Gilberto Kassab (Cidades), do PSD, e Cid Gomes (Educação), então no Pros, lideram nos bastidores a tentativa de criar um bloco para rivalizar com o PMDB na coalizão governista

    O MÉTODO
    Aliados de Kassab articulam a recriação do PL (Partido Liberal), com o objetivo de futura fusão ao PSD do ministro das Cidades

    TROPEÇO
    Em agosto deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral rejeitou o pedido de registro do PL, que só apresentou ao tribunal 167 mil das cerca de 487 mil assinaturas de eleitores necessárias para a criação de um partido

    A REAÇÃO
    O PL recorreu em setembro, entregou ao TSE o que diz serem assinaturas faltantes e pede que o tribunal reconsidere sua decisão

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