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    Fazenda de político que negocia delação é invadida pelo MST no PE

    FLÁVIO FERREIRA
    DE SÃO PAULO

    28/09/2015 02h00

    Alan Marques - 1º.fev.2006/Folhapress
    ORG XMIT: 442901_1.tif CONSELHO DE ETICA Brasilia DF fevereiro 01: Deputado Pedro Correa durante sessao do Conselho de Etica da Camara que julga o seu envolvimento com o "Mensalao". em 01. 02. 06 em Brasilia DF. As 11h00 politica. Foto: Alan Marques / Folhapress
    O ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE) durante sessão do Conselho de Ética da Câmara, em 2006

    Integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram na manhã de domingo (27) uma fazenda do ex-deputado federal do PP (Partido Progressista) Pedro Corrêa no interior de Pernambuco.

    Além de condenado no processo do mensalão, Corrêa é réu na operação Lava Jato e negocia acordo de delação premiada com a força-tarefa do caso.

    Um dos coordenadores nacionais do MST, Francisco Terto, afirmou que a fazenda de Corrêa é improdutiva e "emblemática" por pertencer a um político envolvido em escândalos de corrupção.

    A invasão busca alertar para o problema dos desvios de recursos públicos e para a morosidade nas ações de reforma agrária,disse Terto.

    O filho e advogado do ex-deputado, Fabio Corrêa Neto, disse que a invasão ocorreu em represália à publicação de reportagem pela revista "Veja" no sábado (26). Segundo a revista, Corrêa afirmou a procuradores integrantes da equipe da Lava Jato que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff sabiam sobre o esquema de corrupção na Petrobras.

    O ex-deputado informou a parentes que decidiu fazer delação premiada na Lava Jato, mas ainda não ocorreu a formalização do acordo de colaboração com os procuradores da República.

    "O Lula não disse que o Stedile [João Pedro Stedile, líder do MST] iria colocar o exército dele em ação? Pois agora o MST colocou em prática a ideia ao invadir nossa propriedade", disse Fabio.

    O filho de Corrêa referiu-se a afirmação feita por Lula em fevereiro passado sobre as manifestações que estavam em curso pelo impeachment da presidente Dilma. Na ocasião, Lula disse: "Também sabemos brigar. Sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele nas ruas".

    Fabio afirmou que os familiares de Corrêa temem ser alvo de agressões físicas por defensores de Lula.

    O coordenador do MST nega ligação entre a ocupação da fazenda e a reportagem da revista "Veja". Terto disse que a ação do movimento já estava planejada antes da publicação da revista no sábado.

    A fazenda invadida, intitulada Boa Esperança, fica no município de Brejo da Madre de Deus, distante cerca de 200 quilômetros de Recife. Tem 500 hectares e é utilizada para a pecuária, de acordo com Fabio.

    O MST estima que mais de 150 famílias estejam acampadas na ocupação.

    A família de Corrêa informou que vai apresentar uma ação de reintegração de posse à Justiça para tentar retomar a área invadida.

    Corrêa está preso em Curitiba desde abril. Ele já é réu em ação penal sob acusação de ser um dos principais representantes do PP no esquema de corrupção na Petrobras. No julgamento do mensalão, em 2012, ele foi condenado a 9 anos e 5 meses de prisão pela prática de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

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