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    Lava Jato

    Lobista ligado ao PMDB diz ter feito repasse a conta de Cunha no exterior

    DE SÃO PAULO
    DE LONDRES
    DO RIO

    28/09/2015 15h34

    Alan Marques - 17.set.2015/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 17.09.2015. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, dá entrevista no Congresso Nacional. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

    O lobista João Augusto Rezende Henriques admitiu ter feito repasse de dinheiro para conta no exterior que tinha como beneficiário o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Henriques é apontado pelas investigações da Lava Jato como lobista do PMDB na diretoria Internacional da Petrobras.

    Em depoimento à Polícia Federal na sexta (26), Henriques disse que quando fez a transferência não sabia que a conta pertencia a Cunha, e tal informação só foi obtida por meio de autoridades da Suíça há dois meses.
    Neste depoimento ele não cita valor e data da operação.

    O conteúdo do depoimento foi divulgado pelo site do jornal "O Estado de S. Paulo".

    Segundo o advogado do lobista, José Cláudio Marques Barboza Júnior, Henriques tinha que fazer um pagamento de uma comissão para o economista Felipe Diniz, e este indicou que o valor deveria ser depositado em uma conta no exterior. Posteriormente, veio a saber que a conta tinha Cunha como beneficiário, segundo o advogado.

    Diniz teria direito a uma comissão por ter ajudado no negócio de aquisição pela Petrobras de um campo de exploração em Benin, na África.

    Apenas quatro anos depois de entrar no negócio, a Petrobras deixou o projeto em Benin em julho deste ano.

    Diniz é filho do deputado federal Fernando Diniz (PMDB-MG), morto em 2009.

    Em depoimento à Justiça Federal no mês passado, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos delatores da Lava Jato, afirmou que era de conhecimento público na estatal que o ex-diretor da área Internacional da estatal Jorge Zelada tinha chegado ao cargo com o apoio do PMDB de Minas Gerais e de um deputado do Estado com sobrenome Diniz.

    A ação contra os dois se soma às investigações já abertas contra o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e o lobista Julio Camargo –ambos mencionam o nome do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em seus depoimentos. Segundo Camargo, Cunha teria recebido R$ 5 milhões de propina

    O depoimento de Henriques já foi enviado pelo juiz Sergio Moro ao STF (Supremo Tribunal Federal), pois Cunha possui direito a foro privilegiado por ser deputado.

    A Procuradoria-Geral da Suíça informou nesta segunda que está investigando criminalmente Henriques e também o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, outro nome vinculado ao PMDB na Lava Jato. Já há apurações abertas no país contra Musa e o lobista Julio Camargo, que citaram Cunha em seus depoimentos. Segundo Camargo, Cunha teria recebido US$ 5 milhões de propina.

    A procuradoria da Suíça informou que não poderia comentar se Cunha já é alvo de investigação no país.

    Questionado pela reportagem sobre a existência de investigação contra Cunha, a procuradoria da Suíça disse que não poderia comentar o assunto.

    OUTRO LADO

    O deputado Eduardo Cunha recusou-se a comentar o depoimento do lobista ligado ao PMDB João Augusto Rezende Henriques, que o apontou como beneficiário de conta no exterior que recebeu valores depositados pelo lobista.

    Ao ser indagado por jornalistas em evento na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (28), Cunha afirmou: "Lava Jato. também é com meu advogado. Não vou falar".

    A Folha procurou o advogado de Cunha, Antonio Fernando de Souza, mas o defensor não retornou as ligações.

    A reportagem ligou para o economista Felipe Diniz e encaminhou perguntas por e-mail, conforme solicitado por ele. Diniz, porém, não enviou sua manifestação até o fechamento desta edição.

    O advogado do lobista João Augusto Henriques Júnior, José Cláudio Marques Barboza Júnior, afirmou que as remessas de dinheiro para o exterior feitas pelo cliente dele não envolveram o pagamento de propinas ou irregularidades ligadas a contratos da Petrobras.

    Segundo Barboza Júnior, Henriques fazia transferências para contas fora do país para pagar comissões a pessoas que indicavam clientes ou colaboravam para o fechamento de negócios sob os cuidados dele.

    Palavras contra Cunha

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