O prefeito Laércio Betarelli (PSDB), 58, do município de Elias Fausto (SP), na região de Campinas, foi assassinado na manhã desta sexta-feira (2) com ao menos quatro tiros à queima-roupa, segundo a Polícia Civil.
Por volta das 9h, ele foi abordado por um homem a pé quando fazia sozinho uma vistoria em um canteiro de obras na rua Amadeu Patelli, no bairro Parque Balneário Carimã. O homem atirou na região da cabeça de Betarelli e fugiu numa picape branca, segundo a Polícia Militar.
As informações sobre o crime foram repassadas à polícia por homens que trabalhavam na obra. Ainda não se sabe o que motivou o crime. Até o fim da tarde, nenhum suspeito havia sido preso.
Conhecido como Dude, Betarelli estava em seu terceiro mandato como prefeito da cidade, que tem pouco mais de 17 mil habitantes. Antes, ele tinha comandado o município entre 1997 e 2000 e de 2001 a 2004. Também foi vereador (1989-1992) e presidente da Câmara no biênio 1991-1992.
No último dia 22 de setembro, o prefeito fez uma reclamação, diretamente ao secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, sobre o delegado da cidade, Gillys Scrocca.
"Nós temos um delegado omisso, inoperante, ausente, que não trabalha. Isso para dizer o mínimo", afirmou durante o encontro do Conselho de Desenvolvimento da Aglomeração Urbana de Piracicaba. Betarelli disse ainda, no evento, que sua reclamação não era pessoal e que preferia que a cidade ficasse sem delegado.
Scrocca, que é também vereador pelo PTB em Capivari (SP) e vice-presidente da Câmara da cidade, afirma que sofria havia dois anos perseguição política do prefeito e que, devido à fala de Betarelli, iria entrar nesta semana na Justiça contra ele, pelos crimes de injúria, calúnia e difamação, além de pedir indenização por danos morais.
"Ele [Betarelli] havia, exatamente há dois anos, acionado a corregedoria geral [da polícia] em São Paulo para vir aqui. Nada foi encontrado, mas ele continuou as perseguições, tirou os funcionários da delegacia, desligou uma conta telefônica. Eu não faço política aqui, nunca fiz. No ano que vem completo 25 anos como delegado, tenho só elogios no meu currículo. Eu me senti lesado contra a minha honra [devido aos comentários do prefeito]", diz o delegado.
Segundo Scrocca, a indisposição com o prefeito não atrapalha as investigações do assassinato. "Até o momento em que permaneci nas investigações, fiz tudo e faria tudo para elucidar o caso", afirma.
O crime será investigado pela DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Piracicaba (SP). O secretário de segurança foi à região nesta sexta-feira para acompanhar o caso.
Scrocca disse à reportagem que Betarelli tinha desafetos em "vários segmentos" da sociedade. "Mais de dez procedimentos foram registrados aqui envolvendo ele. Além dos que o prefeito figura como vítima de ameaça, tem também ele ameaçando, tem de crime ambiental."
Há cerca de um ano, segundo o delegado, o prefeito registrou boletim de ocorrência dizendo ter sido ameaçado com uma faca por um construtor da cidade, que tinha contratos com a prefeitura.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que a Polícia Militar reforçará o policiamento na cidade de Elias Fausto, com a extensão das rondas dos PMs de Piracicaba.
O partido do prefeito, o PSDB, também divulgou nota, em que lamenta a morte e cobra uma "elucidação e a punição exemplar dos culpados".
Nascido em Monte Mor, Betarelli era formado em engenharia civil pela PUC de Campinas e trabalhou como professor de estatística e física em colégios. Casado, deixa dois filhos.