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    o impeachment

    Para oposição, Dilma faz reforma para frear processo de impeachment

    MARIANA HAUBERT
    DÉBORA ÁLVARES
    DE BRASÍLIA

    02/10/2015 14h20

    Líderes da oposição no Congresso criticaram nesta sexta-feira (2) a reforma ministerial anunciada pela presidente Dilma Rousseff, em que extinguiu oito ministérios, cortou 3 mil cargos comissionados e 30 secretarias, e reduziu em 10% o salário dos ministros.

    Para os parlamentares, as negociações em torno da nova configuração do governo, feitas principalmente com o PMDB, têm como objetivo claro frear o andamento de um eventual processo de impeachment conduzido pelo Congresso e que a distribuição de cargos não acabará com a instabilidade política.

    "É um arranjo para sustentá-la no governo para tentar minimizar o quadro de instabilidade. Não teve uma reforma. É pífia. Anunciou reforma em 8 ministérios ao invés de 10. Cortou 3 mil cargos de confiança, quando deveria ter sido pelo menos 10 mil", criticou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).

    Ele avaliou que a reforma administrativa anunciada não resolverá o clima de insatisfação e "a instabilidade política vai permanecer". O deputado mencionou ainda o manifesto lançado ontem por um grupo de deputados do PMDB que representam um terço da bancada do partido na Casa e dizem discordar das negociações por cargos feitas pelo partido, como sinalização de que a negociação política do Planalto pode não surtir o efeito esperado.

    Já o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), disse que a reforma "é mais uma tentativa desesperada da presidente Dilma Rousseff de se manter no poder". "A presidente quer se safar do impeachment. Isso não é uma reforma ministerial. Essa liquidação de cargos mostra bem o grau de desespero de Dilma para se manter no poder. Pelo visto, a incompetência vai continuar", criticou.

    Ele também criticou a ampliação de espaço dado ao PMDB, que passou a ter sete ministérios, ao invés de seis e disse que o partido fez um discurso contraditório ao defender a redução das pastas mas aumentar sua participação no núcleo do governo.

    "Estes cortes estão aquém do que a sociedade esperava. O país está em crise e a corrupção continua correndo solta. Mas prioridade de Dilma é se sustentar politicamente no Congresso Nacional. Daí o grande espaço cedido ao PMDB", afirmou.

    Para Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado, Dilma perdeu sua força política e hoje é uma "presidente figurante". "Todos nós sabemos que hoje a presidente é muito mais uma figura acessória do processo das decisões que estão sendo tomadas. Todo esse processo foi construído pelo ex-presidente Lula. Ela é apenas uma presidente figurante", disse.

    Na mesma toada dos seus colegas, Caiado criticou os acordos feitos com o PMDB e disse que eles só foram fechados para que os pedidos para a saída da petista da presidente não prosperem no Congresso.

    "Com todo o respeito, mas sabemos que isso só está sendo buscado com objetivo único para garantir apoio para que processo de impeachment não seja votado", disse. No entanto, ele acredita que o desgaste político permanecerá, principalmente, na Câmara.

    O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), disse que a reforma foi "atrasada" e é "pífia diante da gravidade da crise", comparando-a a um "puxadinho".

    "O fato é que essa reforma expõe a já notabilizada prática dos governos do PT, de Lula e Dilma, de lotear o governo. Neste momento em que a presidente conta com o apoio de apenas 10% dos brasileiros e enfrenta possibilidades reais de perder o cargo, é evidente que o objetivo principal das medidas anunciadas hoje é tentar salvar o seu mandato. Entre uma reforma mais profunda, que é o que este momento de crise aguda exige e a sociedade espera, a presidente optou por um 'puxadinho'".

    O líder da minoria na Câmara, Bruno Araújo (PSDB-PE), segue o mesmo raciocínio e avalia a redução de 10 para 8 ministérios no corte como "ínfima"."Ela não entregou o que prometeu. É legítimo que ela faça movimentos políticos que sejam importantes para seu governo, mas essa reforma não ajuda em nada a tirar o Brasil da crise. Dilma continua sendo Dilma. É difícil acreditar que ela vai compreender e aprender a missão dela depois de 5 anos de governo".

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