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    Padilha é hostilizado em SP ao tomar cerveja vestindo camisa da prefeitura

    DE SÃO PAULO

    02/10/2015 16h45

    O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, foi hostilizado nesta sexta-feira (2), em um restaurante de São Paulo, após tomar cerveja vestindo uma camisa com o logotipo da prefeitura.

    A camisa também tinha o símbolo do SUS, em azul.

    De acordo com uma cliente do restaurante, que preferiu não se identificar, os ataques começaram após o secretário beber cerveja. "Antes, ninguém estava ligando. Mas quando ele bebeu, começou um zum-zum-zum e as pessoas passaram a tirar foto e a filmar", afirmou a cliente.

    Duas fotos feitas por pessoas presentes mostram Padilha sentado à mesa; em uma delas, ele aparece bebendo cerveja.

    Ainda segundo a cliente, Padilha apontou o celular ao grupo e questionou por que eles estavam filmando. "Aí o pessoal se indignou", disse ela.

    Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que a camisa que Padilha usava é pessoal (leia mais abaixo).

    Quando Padilha se levantou para ir embora, os manifestantes começaram a hostilizá-lo, dizendo que ele deveria pagar a conta de todos, já que ele e outros políticos "roubaram tanto do país". Ele foi ministro da Saúde durante o primeiro governo da presidente Dilma Rousseff e das Relações Institucionais no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

    Ele foi xingado, aos gritos, de "ladrão".

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    O secretário de Saúde de São Paulo, Alexandre Padilha, foi hostilizado após tomar cerveja em restaurante
    O secretário de Saúde de SP, Alexandre Padilha, foi hostilizado após tomar cerveja em restaurante

    Na saída, ainda segundo a cliente, Padilha discutiu com outros presentes e disse que o que estavam fazendo era crime. Ele estava acompanhado por uma pessoa que, segundo clientes, filmava tudo.

    De acordo com funcionários do restaurante Aldeia, no centro da capital, onde o secretário almoçava, as hostilidades ocorreram por volta das 14h e começaram com um pequeno grupo, mas logo todo o restaurante passou a atacar o petista.

    O vídeo a que a reportagem teve acesso, porém, mostra só um grupo ofendendo o secretário, enquanto os demais clientes do restaurante apenas observam a cena. O vídeo mostra que Padilha fala com os manifestantes, mas não é possível ouvir o que ele ele diz.

    Entre 50 e 60 pessoas almoçavam no local, ainda segundo os funcionários ouvidos pela reportagem.

    Segundo um dos funcionários, que afirmou ter conversado com Padilha, o secretário estava tranquilo e disse que não ligava, porque "já está acostumado" e [que isso] "faz parte da política".

    OUTRO LADO

    Em nota, a Secretaria de Saúde informou que Padilha repudia toda e qualquer manifestação de ódio e intolerância.

    "Posturas como estas apresentadas no vídeo, de pessoas que querem expulsar do convívio social quem pensa e age diferente delas, só me animam a continuar o trabalho a favor de quem mais precisa e a defender programas como o Mais Médicos, que beneficia mais de 70 milhões de brasileiros", informou.

    A secretaria disse ainda que o secretário esteve no Itaim Paulista para visitar obras de novas unidades e debater a presença de médicos "e a recepção foi totalmente contrária da registrado no vídeo".

    Ainda de acordo com a pasta, o secretário parou para almoçar após cumprir agenda quatro agendas pela manhã, das 7h às 13h. Depois às 14h, cumpriu agenda no Complexo Regulador da Saúde Municipal. A pasta disse, ainda, que a camisa que Padilha usava é pessoal dele.

    MANTEGA

    Esta não é a primeira vez que um petista é alvo de críticas em público. O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega já sofreu ao menos três ataques verbais. A última foi em junho, enquanto almoçava com a família no restaurante Trio, no bairro da Vila Olímpia em São Paulo.

    Na ocasião, dois homens e uma mulher aparecem gritando com o ex-ministro.

    As agressões parecem ter começado com a mulher que diz que "a gente não pode mais aguentar calado". Em seguida, o acompanhante diz que "o senhor [Mantega] devia ter vergonha de sair de casa, vergonha do que o senhor fez e do seu partido [PT]".

    O ex-ministro se levanta e vai em direção às pessoas que estão gritando. Em seguida, um terceiro homem o chama de "ladrão, ladrão, palhaço, sem vergonha, é isso que o senhor é". E continua: "estão acabando com a Petrobras, acabando com tudo, e você lá na Petrobras". Outros clientes parecem aplaudir os agressores.

    Nas imagens, não dá para ouvir se Mantega responde alguma coisa. Segundo a Folha apurou com pessoas próximas ao ex-ministro, ele teria apenas questionado o porquê de estar recebendo aquelas agressões. Procurado, ele não quis se pronunciar.

    Mantega foi um dos mais longevos ministros da Fazenda do país, ocupando o cargo de março de 2006 ainda no governo Lula até o fim do primeiro mandato da presidente Dilma. Setores da opinião pública responsabilizam o ex-ministro pelo desarranjo das contas públicas e pela recessão que o país enfrenta.

    Ele também foi presidente do conselho de administração da Petrobras, que enfrenta um escândalo de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato. A estatal foi obrigada a reconhecer perdas de quase R$ 56 bilhões com corrupção e má-gestão.

    A primeira vez que Mantega foi hostilizado foi na lanchonete do Hospital Albert Einstein, onde a esposa dele passa por tratamento, e a segunda, no restaurante Aguzzo, em Pinheiros.

    Em setembro, o líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) João Pedro Stedile foi hostilizado por manifestantes ao desembarcar no aeroporto de Fortaleza.

    Vídeos publicados nas redes sociais mostram um grupo de cerca de dez manifestantes, com bandeiras do Brasil, gritando e seguindo o líder do movimento social enquanto ele e sua mulher deixavam o aeroporto.

    Os participantes gritavam "MST, vai pra Cuba com o PT" e chamaram Stedile de "terrorista", "assassino", "fascista" e "comunista". O episódio durou aproximadamente seis minutos, até o líder entrar em um carro e deixar o local.

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