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    Lava Jato

    Em e-mail, Andrade Gutierrez citou Lula para fazer negócios na Venezuela

    CATIA SEABRA
    GABRIEL MASCARENHAS
    RUBENS VALENTE
    DE BRASÍLIA

    02/10/2015 20h43

    E-mails apreendidos no âmbito da Operação Lava-Jato revelam que a empresa Andrade Gutierrez agendou um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para intermediar seus negócios na Venezuela.

    Na troca de mensagens, ocorrida em março de 2014, os executivos da Andrade Guitierrez citam uma reportagem para afirmar que o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, está "incomodado" com o distanciamento político da presidente Dilma Rousseff.

    Um dos executivos recomenda, então, que seu "ponto focal de apoio" seja Lula. Em março de 2014, Sérgio Lins Andrade, dono da Andrade Gutierrez, enviou ao presidente da empresa, Otávio Marques de Azevedo, a cópia de uma reportagem sobre a decisão de Dilma de se distanciar da Venezuela.

    "Isto pode complicar a situação dos contratos lá. Abs", escreveu ele, no e-mail endereçado aos executivos.

    Em resposta, o executivo Flávio Gomes Machado Filho fala de um descontentamento de Maduro e cita Lula como canal na Venezuela.

    "Temos que tomar todos os cuidados. O Presidente Maduro já está incomodado com essa postura dela há algum tempo. O nosso ponto focal de apoio tem que ser o ex-Presidente Lula. O Pres Maduro reconhece como um grande amigo pessoal e um grande amigo da Venezuela."

    Flávio Gomes diz, então, que se encontraria com Lula na semana seguinte para buscar uma solução para traçar uma estratégia de apoio.

    "Estou marcando um encontro com o Pres. Lula na próxima semana em SP para discutir com ele a situação da Venezuela e uma estratégia de apoio".

    EQUADOR

    EQUADOR

    O relatório da Polícia Federal aponta outra troca de e-mails, entre Paulo Marcio de Oliveira Monteiro e Ricardo Coutinho Sena, de 2008.

    O texto das mensagens cita os nomes Lula e Correa. Segundo a PF, "provavelmente", são referências ao ex-presidente brasileiro e o atual chefe de Estado do Equador, Rafael Correa.

    A PF presume que os executivos tratavam de um plano para expandir os negócios da Andrade Gutierrez no Equador.

    Monteiro diz a Sena que um conselheiro sugere que é essencial contar com o apoio de Lula para realizar a empreitada.

    "Ele (o conselheiro) acha que seria um suicídio fazer isso agora. Segundo ele, o ambiente está muito hostil a nós e precisaríamos de algo que venha do Lula [...] Ele acha que precisamos primeiro do apoio do Lula junto a Correa [...]", reiterou o executivo.

    OUTRO LADO

    Procurado para confirmar o encontro, o Instituto Lula afirmou, por intermédio de sua assessoria, que não comentaria "documentos supostamente oficiais extraídos de seu contexto". A Andrade Gutierrez informou que não comentará o assunto.

    A seguir, a nota do Instituto Lula:

    "O ex-presidente Lula sempre atuou legitimamente em defesa do Brasil e das empresas brasileiras nos mercados internacionais, e continuará exercendo esse papel, sempre que possível, como fazem ex-governantes responsáveis de diversos países. O ex-presidente não faz e nunca fez lobby ou consultoria. A lista das empresas que contrataram palestras do ex-presidente, por meio da empresa LILS, está publicada pelo Instituto Lula neste endereço Outras informações sobre as palestras foram prestadas espontaneamente ao Ministério Público, para esclarecer os fatos e desafazer ilações indevidas em Notícia de Fato protocolada na Procuradoria da República no Distrito Federal. O Instituto Lula não comenta vazamentos seletivos de procedimentos judiciais nem documentos supostamente oficiais extraídos de seu contexto.

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