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    Novo ministro da Saúde chegou ao cargo após se realinhar a Cunha

    MARIANA HAUBERT
    GABRIEL MASCARENHAS
    DE BRASÍLIA

    06/10/2015 02h00

    Alan Marques - 3.fev.2015/Folhapress
    Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Marcelo Castro (PMDB-PI) durante reunião na Câmara
    Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Marcelo Castro (PMDB-PI) durante reunião na Câmara

    Piauiense de São Raimundo Nonato, na Serra da Capivara, no Piauí, o novo ministro da Saúde, Marcelo Castro, assume uma das pastas mais cobiçadas pelo mundo político tendo mais experiência no Congresso do que na sua área de formação, a medicina psiquiátrica.

    Vindo de uma tradicional família de políticos de sua região, Castro é, aos 65 anos, o expoente dentre os parentes. Tido como integrante do baixo clero do PMDB, o agora ministro foi indicado ao posto após ter se realinhado ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Os dois se desentenderam quando Castro resolveu peitar Cunha e não ceder para incluir em seu relatório da proposta de reforma política o modelo de "distritão" para a eleição de deputados.

    Sua atitude levou Cunha a ignorar seu parecer, que classificou como de "pouca inteligência política", e a patrocinar uma manobra para levar outro projeto à votação.

    Ao ter o trabalho descartado, Castro trocou críticas públicas com Cunha, mas logo depois retomou a relação com o presidente da Casa. Ele foi um dos 55 deputados que compareceu ao aniversário de Cunha na semana passada.

    Deputado federal há cinco legislaturas, Castro chega à Esplanada dos Ministérios oito anos após ter sido um dos cotados para assumir a Saúde no governo Lula e quatro anos depois de ver seu nome vetado pelo Palácio do Planalto para assumir o Turismo.

    Em 2011, a Folha revelou que a empreiteira Jurema, que pertence aos irmãos do deputado, recebeu R$ 36 milhões do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em 2010. O superintendente do departamento à época era um cunhado de Castro, Sebastião Ribeiro.

    A empreiteira da família do ministro continua faturando em contratos com o governo federal. De acordo com o Portal da Transparência, a Jurema recebeu R$ 34,9 milhões este ano; 164,6 milhões em 2014; R$ 42,3 milhões em 2013 e R$ 4,7 milhões em 2012.

    A construtora foi uma das empresas que mais doaram para Castro nas últimas eleições, no total de R$ 50,4 mil.

    A assessoria de Marcelo Castro informou que o deputado não possui qualquer participação na construtora Jurema e que todos os contratos da empresa com o governo federal foram firmados por meio de processos licitatórios e concorrências públicas.

    Acrescenta que uma sindicância feita pelo Ministério dos Transportes, pasta à qual o Dnit é vinculado, concluiu que não houve qualquer irregularidade na contratação da empreiteira em 2010. Diz ainda que o então superintendente do Dnit à época, Sebastião Ribeiro, é funcionário de carreira do órgão.

    PATRIMÔNIO

    O patrimônio do peemedebista cresceu desde a última corrida eleitoral. Em 2010, ele declarou possuir R$ 835,3 mil em bens (valores corrigidos pela inflação), montante inferior ao R$ 1,3 milhão informado nas eleições de 2014.

    A assessoria afirma que a evolução patrimonial é compatível com os rendimentos do deputado, levando em consideração seu salário na Câmara e os ganhos provenientes de sua atividade agropecuária, e que tudo foi declarado à Receita Federal.

    O novo ministro, na descrição de seu filho, Dário Castro, prefere o trabalho a atividades de lazer. "Ele não tem hobby, não gosta de escutar música. O que ele gosta de fazer mesmo é trabalhar". "Ele gosta muito de capim. Gosta de passear para ver o capim crescer", contou o filho.

    Além de deputado, Castro foi secretário de Agricultura do Piauí de 1999 a 2001. Ele também é professor aposentado pela Universidade Federal do Piauí, onde atuou como professor de Física.

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