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    o impeachment

    Governo entra com novo pedido para suspender julgamento no TCU

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    07/10/2015 12h28

    O governo entrou nesta quarta-feira (7) com um novo pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar adiar o início do julgamento das contas da presidente Dilma Rousseff de 2014.

    Desta vez, o governo quer que sejam ouvidas testemunhas relacionadas ao suposto impedimento do relator das contas no TCU (Tribunal de Contas da União), Augusto Nardes.

    O documento da AGU (Advocacia-Geral da União) tenta suspender a sessão que vai discutir o impedimento de Nardes, acusado pelo Planalto de parcialidade na condução do caso.

    Na ação, o advogado-Geral da União, Luís Inácio Adams, pede que a sessão sobre a situação do ministro só ocorra depois que as testemunhas arroladas pelo governo contra a atuação de Nardes sejam ouvidas. A sessão para discutir a suspeição de Nardes e a outra para julgar as contas estão marcadas para a tarde desta quarta. O procedimento é avaliado pela Corregedoria.

    "Tal pedido revela-se necessário diante da possibilidade de julgamento da exceção de suspeição pela Corte de Contas sem que seja garantido o contraditório, com a oitiva das testemunhas roladas e a adequada instrução do incidente de exceção, em flagrante ofensa ao devido processo legal constitucionalmente estabelecido", diz a AGU.

    O caso será analisado pelo ministro Luiz Fux que é relator da ação protocolada nesta terça pelo governo que pediu para que o STF suspenda o julgamento das contas de 2014 da presidente.

    A expectativa é de que Fux decida nas próximas horas.

    Esse outro pedido do Planalto e para o Supremo determine que o TCU, antes de decidir se o relator do caso, ministro Augusto Nardes, está impedido de atuar no processo, analise provas anexadas ao recurso que indicariam suposta parcialidade dele à frente da ação.

    Na prática, o Planalto tenta ganhar tempo e adiar a votação no TCU, já que a equipe de Dilma já dá como certa uma derrota no julgamento das contas do governo.

    Apesar de avaliar que a rejeição das contas não gera argumento jurídico para abertura de um processo de impeachment, sua equipe sabe que o resultado será usado politicamente pela oposição.

    Nardes é acusado pelo governo de parcialidade na condução da ação das contas. Desde segunda (5), o Planalto tenta tirá-lo do caso.

    Primeiro, o ministro Luís Inácio Adams (AGU) protocolou no próprio TCU um pedido de afastamento de Nardes do caso. O governo diz que o relator violou normas ao opinar sobre o caso em eventos públicos, demonstrando parcialidade e antecipando seu voto.

    Com a indicação de que, mesmo diante do questionamento, o julgamento das contas poderia ser mantido nesta quarta, o governo resolveu recorrer ao STF.

    ARGUMENTO

    Adams disse à Folha que, na avaliação da AGU, o tribunal não pode julgar as contas da presidente antes de analisar a documentação anexada ao pedido protocolado.

    "Nós anexamos uma entrevista do senador Lasier Martins (PDT-RS), agora em setembro, na qual ele diz que esteve com o relator Augusto Nardes e ele teria revelado sua decisão de rejeitar as contas da presidente",
    disse.

    O ministro afirmou que o governo quer que o tribunal, antes de decidir sobre a suspeição de Nardes, ouça órgãos de imprensa que publicaram a informação e até o senador sobre o caso.

    Lasier Martins teria dito que "o relator Augusto Nardes me revelou total convicção de que as contas do governo Dilma relativas a 2014 serão rejeitadas devido ao cometimento de, ao menos, 13 infrações relativas à retenção de repasses do governo a instituições financeiras".

    A AGU argumenta que o Código de Processo Civil é aplicável ao TCU, o que garante que o mérito da ação não pode ser apreciado diante das suspeitas levantadas contra o relator.

    "As manifestações do relator não constituem declarações genéricas. Ao contrário, manifesta opinião concreta sobre o processo de contas da presidente da República, ainda pendente de apreciação. Referida conduta é ilegal e acarreta a suspeição do ministro", diz o pedido protocolado pelo governo.

    Nardes classificou a ação no STF de é mais uma "manobra protelatória".

    IRREGULARIDADES

    Em seu parecer, ele apontou 12 irregularidades que o governo teria praticado em 2014, contrariando a Constituição, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei Orçamentária. A tendência do TCU é recomendar ao Congresso, pela primeira vez em 80 anos, a rejeição das contas de um presidente da República.

    Os problemas são considerados tão graves pelos auditores do TCU que o mais provável é que a reprovação seja unânime, apesar de o governo ter pressionado ministros para que ao menos um deles aceite os argumentos da presidente.

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