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    o impeachment

    Governo ainda não vê necessidade de recorrer ao STF contra TCU, diz Adams

    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    08/10/2015 16h56

    Alan Marques/Folhapress
    Sessão do Tribunal de Contas da União que rejeitou as contas da presidente Dilma Rousseff de 2014
    Sessão do Tribunal de Contas da União que rejeitou as contas da presidente Dilma Rousseff de 2014

    O ministro Luís Inácio Adams (Advocacia-Geral da União) afirmou nesta quinta-feira (7) que o governo "ainda não vê necessidade" de recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra a decisão do TCU (Tribunal de Contas da União) que rejeitou, por unanimidade, as contas da presidente Dilma Rousseff de 2014.

    Mostrando discurso afinado com o ministro Jaques Wagner (Casa Civil), Adams afirmou que a prioridade do Planalto é investir no Congresso, responsável por dar a palavra final, para evitar que o parecer seja mantido.

    O ministro afirmou ainda que Dilma está "tranquila" e "não ficou brava" com a derrota.

    "Não vemos ainda necessidade desse tipo de movimento [recorrer ao STF]", disse o ministro.

    "Agora, nós vamos ao Congresso evidentemente fazer esse debate, existe o espaço técnico também, não é só político, pressupõe análises, pareceres etc. E aí o processo vai correr. Agora, o que nós tivemos foi uma etapa desse processo. Nenhum advogado perde um processo por perder um recurso", completou.

    Responsável pela defesa de Dilma no TCU, Adams disse que o Planalto não errou a estratégia, mesmo tendo comprado desgaste com o tribunal ao propor a troca do relator das contas, ministro Augusto Nardes, estratégia que acabou barrada pelo próprio TCU e pelo STF. Segundo ele, um novo recurso ao STF será a última instância.

    O governo ainda aguarda o julgamento do mérito pelo plenário do STF do pedido de suspeição do relator, o que poderia anular a rejeição do balanço. Essa análise, no entanto, não tem prazo para ocorrer.

    "Não, nós não erramos. Tínhamos a convicção de que havia um vício e ainda temos essa convicção. Evidentemente o tribunal não acolheu, é normal. Agora, eu tenho sempre a possibilidade de retomar a discussão no judiciário, isso é normal. A decisão, o posicionamento do TCU não é decisão definitiva da matéria. O assunto irá para as instâncias apropriadas se for necessário", afirmou.

    OPOSIÇÃO

    Segundo o ministro, a recomendação do TCU para que o Congresso reprove o balanço não pode embasar um pedido de impeachment como defende a oposição.

    "A oposição está querendo forçar a mão. Evidente que sempre buscou nesse parecer uma forma de tentar gerar um fato para a responsabilização, mas não é um fato, é uma opinião. Esses fatos que foram expostos não configuram nem representam responsabilidade da presidente" afirmou.

    "Então, o que se estabelece é que há um movimento, evidentemente, que acha que um processo de cassação é legítimo com qualquer tipo de argumento. Nós achamos que um processo de cassação por crime de responsabilidade precisa ter fatos, precisa ter elementos de responsabilização objetivos, que absolutamente não existem. E esse parecer do TCU não afirma isso, não permite esse tipo de ilação", concluiu.

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    SAÍDA

    A derrota no TCU fez circular versões de que Adams deve deixar o cargo, mas ele desconversou. Ele tem sido alvo de protesto inclusive de entidades que representam a categoria. "Não sei quem fala [sobre saída], ninguém falou comigo sobre isso", afirmou.

    Questionado sobre a representação apresentada contra ele na Comissão de Ética Pública da Presidência por ter questionado a imparcialidade do relator das contas, ele minimizou e disse que não ficará intimidado.

    "Toda hora representam. Hoje tem uma banalização de representações. Esse tipo de representação que é absolutamente fútil e desnecessária."

    Adams não rebateu ataques do presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), que defendeu sua saída, e a decisão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de "criar uma comissão para avaliar se pedirá o impedimento de Dilma.

    Em relação a reação da presidente com o resultado no TCU, o ministro disse que ela está "tranquila".

    "Em que pese o esforço do governo de convencimento, de trabalho, nós fomos derrotados naquilo que o tribunal deliberou, mas essa deliberação não é definitiva, é uma deliberação processual relativa a um parecer que será ainda objeto de analise e apreciação e ainda temos várias discussões a serem feitas em relação ao próprio conteúdo do parecer do conselho analisadas no momento oportuno."

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