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    Função do jornalismo é mitigar a loucura dos que comandam o mundo, diz Seymour Hersh

    DE SÃO PAULO

    10/10/2015 16h50

    Bruno Santos/Folhapress
    O jornalista Seymour Hersh durante o Festival Piauí Globonews de Jornalismo
    O jornalista Seymour Hersh durante o Festival Piauí Globonews de Jornalismo

    O repórter Seymour Hersh, colaborador da revista "The New Yorker" e uma das atrações do Festival Piauí Globonews de Jornalismo, afirmou para uma plateia de profissionais e estudantes que "a função do jornalismo é se colocar no caminho e mitigar a loucura dos homens e mulheres que comandam o mundo".

    Defendeu "buscar a contra-narrativa", como ele fez ao revelar o massacre de My Lai, no Vietnã, em 1969, e os abusos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, em 2004.

    Questionado se todo grande repórter precisa ser um pouco paranoide e acreditar em teorias de conspiração, respondeu lembrando o escândalo da NSA (Agência Nacional de Segurança), em que foi preciso um homem, Edward Snowden, para revelar as ações ilegais adotadas e conhecidas por milhares, no governo americano.

    "Um homem mudou todo o foco", afirmou. "E quantos outros segredos mais há? Há muito mais. Eu estou escrevendo sobre algo que não posso... Tenho que ser comedido, mas há muito mais acontecendo na Síria do que o público americano sabe."

    Declarando-se "de esquerda", questionou porém a esquerda sul-americana. "Vou dizer genericamente", afirmou, rindo. "Na Argentina, no Chile, no Brasil, vocês ferraram com a esquerda para sempre. A direita vai [sempre lembrar a] corrupção."

    Hersh foi entrevistado por Dorrit Harazim, colunista do jornal "O Globo", e Otavio Frias Filho, diretor de Redação da Folha.

    O jornalista norte-americano venceu o Pulitzer em 1970 pela história do massacre cometido pelo exército americano na aldeia de My Lai, no Vietnã. No episódio, centenas de civis foram executados.

    Recentemente, causou polêmica ao contestar a versão oficial apresentada pela Casa Branca para as circunstâncias da operação dos Seals (tropas especiais da marinha americana) que matou o terrorista Osama bin Laden no Paquistão, em maio de 2011.

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