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    Parlamentares são mais liberais do que o eleitorado

    DE SÃO PAULO

    13/10/2015 02h00

    Os parlamentares brasileiros têm posição menos conservadora do que a população que os elegeu em relação a temas comportamentais como homossexualidade e migração. Sobre a economia, porém, deputados e senadores têm visão à direita dos brasileiros.

    As conclusões resultam de pesquisa Datafolha feita com 289 deputados federais e 51 senadores em comparação aos dados de outro levantamento do instituto, realizado em setembro do ano passado, com a população, sobre os mesmos temas.

    Somados aspectos comportamentais e econômicos, Congresso e eleitorado se assemelham: 47% dos parlamentares se identificam como de direita ou centro-direita –entre a população, são 45%.

    A diferença surge com a separação das áreas. Nas questões de comportamento, 55% dos brasileiros são de direita, mas só 17% dos parlamentares seguem mesma linha.

    Já na economia, a situação se inverte e 46% dos deputados e senadores estão à direita, contra 30% dos eleitores.

    Os contrastes mais significativos de posição aparecem quanto à criminalidade: 74% dos congressistas acreditam que a principal causa do problema seja "a falta de oportunidades iguais para todos".

    Dentre os brasileiros, só 36% concordam com isso –para a maioria, 60%, a maior causa é "a maldade das pessoas", raciocínio endossado por 17% dos congressistas.

    A pena de morte também separa representantes e representados: 86% dos parlamentares defendem que "não cabe à Justiça matar uma pessoa, mesmo que ela tenha cometido um erro grave", opinião de 52% da população.

    Dentre os que são declaradamente a favor da medida, há 43% da população e só 8% dos políticos.

    Em relação a crimes cometidos por adolescentes, outra oposição: para a maioria dos congressistas (55%) esses jovens "devem ser reeducados". Dentre a população, o índice é de 22%; 76% das pessoas acreditam que os adolescentes "devem ser punidos como adultos" –frase endossada por 38% dos parlamentares.

    ECONOMIA

    Se no plano comportamental a população fica à direita de seus representantes, no econômico o quadro se inverte e os parlamentares é que são proporcionalmente alinhados a posições tradicionalmente ligadas à direita.

    A diferença fundamental é representada no papel que o Estado deve ter em relação ao tema. A maioria dos brasileiros (51%) acredita que "é bom que o governo atue com força na economia para evitar abusos das empresas". Apenas 35% acham que "quanto menos o governo atrapalhar a competição", melhor.

    Os parlamentares têm posição oposta. São 65% os que acreditam que o governo deve ter menos ingerência na economia, enquanto 29% creem que o governo é responsável por "evitar abusos das empresas", ao atuar de modo firme na economia.

    A diferença é menor sobre o papel do governo para salvar empresas à beira da bancarrota. Para 59% dos brasileiros, o governo "tem o dever de ajudar grandes empresas" que corram risco de falir, contra 47% de parlamentares que dizem o mesmo.

    O Datafolha submeteu o questionário aos parlamentares entre 15 de setembro e 9 de outubro, por telefone ou pela internet –as respostas foram dadas sob anonimato. Os resultados foram ponderados segundo a proporção de bancadas no Congresso, e a margem de erro é de três pontos percentuais.

    Editoria de Arte/Folhapress

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