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    Lava Jato

    Análise

    Judicialização ganha tempo para o governo

    IGOR GIELOW
    DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    13/10/2015 15h25

    A judicialização da disputa em torno do impeachment é a primeira vitória do governo na batalha para evitar o processo para tentar retirar Dilma Rousseff do cargo.

    O maior ativo para o Planalto é ganhar tempo enquanto é definida a situação do personagem central do drama político desta terça (13), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

    Não deixa de ser curioso ver governo e oposição lutando para ter o deputado, ferido de morte pela revelação da existência de suas contas na Suíça, a seu lado. Aparentemente, a opinião pública aferível de forma imprecisa e mais aguda em redes sociais ainda não surtiu efeito.

    Claro que tudo isso está mudando na razão de horas, não dias, como a adesão de metade do PT da Câmara ao "Fora, Cunha" atesta. Os próximos dias irão dar a medida dos acordos costurados em torno do presidente da Casa e sua transformação, ou não, em franco-atirador. E se possui mesmo munição real, em caso afirmativo.

    Paralelamente, um intenso trabalho de bastidor começa imediatamente na arena do STF (Supremo Tribunal Federal), onde nem todos os ministros receberam com naturalidade as decisões provisórias de Rosa Weber e Teori Zavascki.

    A disputa pela formação da maioria na análise das liminares, que se for célere ocorrerá talvez em novembro, será intensa e trará consigo as usuais acusações de partidarismo de lado a lado.

    De todo modo, é óbvio que qualquer decisão que o STF tomar não irá acabar com o instituto do impeachment ou afastar o risco de novos pedidos contra Dilma.

    Além disso, teoricamente o próprio Cunha pode apreciar um novo pedido de impedimento recuperando o rito anterior à criação do seu "manual do impeachment", hipótese que era aventada por governistas nesta tarde. Assim, não estaria subordinado ao limite imposto pelo STF, embora a manobra combinada com a oposição de recurso ao plenário esteja prejudicada.

    A questão central para o governo é que o cronômetro foi parado neste momento. Dobrar a aposta e pedir a votação de vetos presidenciais da chamada pauta-bomba fiscal é manobra arriscada, mas, se bem-sucedida, trará um alívio político inédito neste semestre ao Planalto. Isso se Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, topar –e ele não indicou isso.

    Novamente, será uma batalha. A guerra segue, com embates mais importantes pela frente, como a tentativa de recriação da CPMF –um obstáculo quase intransponível, mas talvez a única tábua de salvação para o governo no médio prazo. A economia segue em desintegração e, se ganhou tempo, o governo terá de saber aproveitá-lo.

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