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    Lava Jato

    Cunha e mulher ocultaram fortuna no exterior e têm carro de luxo, diz PGR

    RANIER BRAGON
    MÁRCIO FALCÃO
    DE BRASÍLIA

    16/10/2015 13h32

    Informações repassadas pela Procuradoria-Geral da República ao STF (Supremo Tribunal Federal) indicam que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e sua mulher, Cláudia Cruz, movimentaram milhões em contas no exterior e ainda contam com uma frota de carros –que inclui veículo de luxo– avaliada em quase R$ 1 milhão à disposição no Rio de Janeiro.

    Segundo o Ministério Público Federal, o deputado abriu conta nos anos 90 no exterior, que teria sido precedida de análise de risco apontando patrimônio de aproximadamente US$ 16 milhões (R$ 62 milhões) na época.

    De acordo com a Procuradoria, Claudia e as empresas do casal (Jesus.com e C3 Produções) têm oito carros registrados, que teriam preço médio que variam de R$ 18 mil a R$ 430 mil (um Porshe Cayenne ano 2013).

    Os procuradores destacam que ao abrir conta em um banco da Suíça, a mulher do deputado afirmou que "era dona de casa".

    A evolução patrimonial do casal é um dos indícios apontados pelo Ministério Público Federal para justificar a investigação do deputado e familiares por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, fruto de desvios de recursos da Petrobras. A abertura de inquérito foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal e os dois serão investigados por corrupção e lavagem de dinheiro. Uma das filhas do deputado que é dependente de uma das contas na Suíça também é alvo de investigação.

    'PRODUTO DE CRIME'

    "Há indícios suficientes de que as contas no exterior não foram declaradas pelas pessoas mencionadas, ao menos em relação a Eduardo Cunha, e de que são produto de crime", diz o procurador-geral da República interino, Eugênio Aragão, em parecer ao STF para justificar a abertura de inquérito para investigar contas secretas na Suíça atribuídas a Cunha e a mulher.

    O procurador enumera informações para ressaltar que apesar de declarar atualmente patrimônio de R$ 1,6 milhões, Cunha é beneficiário de contas no exterior que movimentaram valores bem mais expressivos do que esse.

    "A análise de risco e perfil do cliente demonstram que Eduardo Cunha já mantinha conta junto ao banco Merril Lynch nos EUA há mais de 20 anos de perfil agressivo e com interesse em crescimento patrimonial. Sua fortuna seria oriunda de aplicações no mercado financeiro local e do investimento no mercado imobiliário carioca. Há também referências à sua antiga função de Presidente da Telerj. Seu patrimônio estimado, à época da abertura da conta, era de aproximadamente US$ 16 milhões", escreve o procurador.

    O inquérito foi aberto contra Cunha, Cláudia Cruz e uma filha do primeiro casamento do peemedebista, Danielle Cunha. Aragão afirma ainda que na conta na Suíça atribuída à mulher de Cunha –que movimentou "despesas bastante consideráveis em cartões de crédito" e outros gastos– consta inclusive a assinatura de Cláudia Cruz. A essa conta está vinculada Daniella e a filha do primeiro casamento de Cruz, Ghabriela Cruz Amorim.

    Eduardo Cunha tem negado reiteradamente envolvimento com desvio de recursos da Petrobras. De forma indireta, nega ter contas na Suíça. Mas afirma que somente seus advogados irão se manifestar, no momento adequado, assim que conhecerem o teor das acusações.

    LAVA JATO

    A Procuradoria-Geral da República já havia acusado Cunha de envolvimento com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras. Segundo os procuradores, ele recebeu propina dos fornecedores de navios-sonda alugados à Petrobras entre 2006 e 2007.

    Cunha foi denunciado pelos procuradores ao Supremo Tribunal Federal, que ainda não decidiu se aceita a denúncia e dá início ao processo em que ele será julgado.

    As provas contra Cunha

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